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Na memória de José Maria Pereira, presidente da Associação Agroextrativista da Ilha do Carás, em Afuá, no Pará, há a lembrança da perda de vários companheiros de luta. Foram cinco nos últimos tempos. Aqui, no IV Congresso Nacional da CPT, ele dividiu conosco um pouco dos desafios enfrentados pela comunidade em que vive.
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT)
"Perdemos um companheiro morto pelo latifúndio. A partir daí criamos o sindicato", conta. As mortes não pararam. José teve outros amigos mortos. Apenas em dezembro do ano passado tombaram dois. "São coisas que fazem a gente parar, mas não desistimos", diz.
A comunidade recorreu a diversos órgãos públicos. Apesar de tudo isso, ele lembra as conquistas. "Fomos conseguindo conquistar a terra. Conseguimos acessar políticas públicas", ressalta José, que ainda lembrou o apoio da CPT ao longo desse processo.
Essa experiência de luta e dezenas mais estão sendo apresentadas durante as tardes do Congresso, na Universidade Federal de Rondônia (Unir), em Porto Velho, entre os dias 13 e 17 de julho. José Maria, assim como diversos companheiros e companheiras, têm partilhado suas Memórias, Rebeldias e Esperanças.
Experiências e denúncias de conflitos como essa dividida por José compõem a publicação anual da CPT, Conflitos no Campo Brasil, que esse ano completa 30 anos de registro dos conflitos que atingem as comunidades e as violências que os trabalhadores e trabalhadoras do campo, das águas e das florestas sofrem a cada dia. No Congresso, as 30 publicações estão expostas na Tenda dos Mártires.
Luis Novoa, professor da Unir, analisou algumas experiências apresentadas no Congresso e também falou sobre a importância da compilação dos dados sobre conflitos no campo."Essa contabilidade dos nossos mortos, por difícil que seja, é fundamental para que não matem nossos mártires de novo. Eles precisam estar vivos na memória e na luta. O ato de registrar, de colocar isso no papel, é importantíssimo", destaca.
Assista ao vídeo da análise do professor: https://www.youtube.com/watch?v=s3KVCLC0U10
O registro
Na Tenda do Rio Guaporé, um dos espaços de apresentação das experiências, foram relatadas histórias sobre a maior greve de boias-frias da história do Brasil, a greve de Guariba (SP), e sobre a publicação da CPT, Conflitos no Campo Brasil. "Guariba foi um grito de libertação", enfatizou Novoa. Relacionando a greve e o trabalho da CPT de documentar os conflitos, Luis destacou o quão importante é trabalhar com o eixo Memória no Congresso. "O sentido da memória é pensar como estamos preparados para enfrentar os desafios que estão por vir".
Antônio foi quem trouxe a memória da greve de Guariba para o debate na Tenda. "As pessoas se reuniam em Igrejas. Os agentes da CPT ajudavam os trabalhadores a se organizarem", contou ele, que ainda destacou a atuação de Padre José Bragheto junto aos trabalhadores. O professor Luis, ao refletir sobre essa e outras organizações de trabalhadores e trabalhadoras, destacou a contribuição das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da CPT. "O papel da Igreja, desses padres, foi fundamental para dar força para o surgimento dessas organizações", sintetizou.
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Os relatos foram feitos durante apresentação de experiências, na tarde desse primeiro dia de Congresso. Além dessa experiência sobre o babaçu livre, outras 20 foram partilhadas. Confira:
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT
Imagem: Rafael Oliveira)
Dona Antônia Célia tem 52 anos. Desde os 12, ela se dedica ao trabalho de quebrar coco babaçu. O trabalho, segundo Dona Antônia, aprendeu com a mãe. Hoje, ela divide a tarefa com o marido e os sete filhos. “Tem até umas netas já crescidas que às vezes nos acompanham”, contou a trabalhadora na Tenda temática sobre “Memória”, no IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizado entre os dias 12 e 17 de julho, em Porto Velho (RO).
Moradora de Governador Archer, no Maranhão, a presidente da associação de quebradeiras de coco babaçu do município garante a renda da família com o que o fruto proporciona. “A gente vende o coco e também produz o sabão”, afirma ela, orgulhosa.
Sobreviver do extrativismo nos babaçuais, no entanto, nunca foi uma rotina simples para ela e as colegas. “Antes, nós não tínhamos o coco porque os fazendeiros não permitiam que entrássemos para colher. Essa situação ainda acontece, mas em menor quantidade”, diz.
Desde 2012, as quebradeiras do município têm o respaldo da Lei do Babaçu Livre, que assegura o livre acesso às palmeiras, mesmo que estejam em terras privadas. “Antes de conseguir esses direitos, nós perdemos muitas companheiras. Nós ficamos marcadas pela luta”, recorda Dona Antônia.
Também quebradeira de coco, Flaviana dos Santos, presidente da associação de quebradeiras de coco babaçu de Dom Pedro (MA), relata que sua comunidade ainda não conseguiu a aprovação dessa mesma lei que beneficia o trabalho com o babaçu. “Nós já fomos muito ameaçadas pelos fazendeiros. Hoje eles têm muito pasto com capim, derrubando as palmeiras e matando nossa cultura de muitas gerações”, afirma.
Antes de estarem organizadas, Flaviana e as colegas vendiam o quilo do coco por 30 centavos aos próprios fazendeiros que as reprimiam. Hoje, elas comercializam o quilo a R$ 1,60 nos mercados da região. “A gente continua entrando nas fazendas, podemos até apanhar, mas nunca mais venderemos para os fazendeiros”, enfatiza a quebradeira.
“Nesse processo todo, as mulheres assumiram a identidade de quebradeiras e se fortaleceram no enfrentamento aos fazendeiros. Para elas, o trabalho com o babaçu é a continuação da família, da cultura, da comunidade”, pontua Marcia Palhano, agente da CPT no Maranhão.
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Na manhã desta segunda-feira, dia 13 de julho, cerca de mil camponeses e camponesas, agentes pastorais e colaboradores, reunidos em plenária, deram início aos debates do IV Congresso Nacional da CPT, realizado em Porto Velho/RO, na Amazônia brasileira.
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT
Imagens: Joka Madruga)
O momento foi permeado por reflexões sobre os principais desafios da atual conjuntura para as populações do campo em todo o país.
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Amanhã, 13 de julho, a partir das 08h30, no campus da Universidade Federal de Rondônia (Unir), será feita a abertura do IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), com o tema/lema “Faz Escuro, mas eu Canto... Memória, Rebeldia e Esperança dos pobres da terra”.
(Foto: Douglas Mansur)
Uma grande celebração inspirada nos símbolos da Amazônia dará as boas vindas aos cerca de mil participantes que vieram de todos os estados do Brasil para o Congresso.
Dom Enemésio Lazzaris, presidente da CPT, e uma trabalhadora de Rondônia acolherão os participantes.
Ao encerrar a celebração de acolhida, falarão Dom Benedito Araújo, administrador apostólico da arquidiocese de Porto Velho e representante da CNBB; a reitora da Unir, Professora Doutora Maria Berenice Tourinho; a pastora Jandira Kepper, da Igreja Luterana do Sínodo da Amazônia; Dom Antônio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná (RO) e Leila Denise, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que falará em nome da Via Campesina Brasil. Fechando esse momento falará Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho (RO) e coordenador do processo de fundação da CPT, em 1975.
O Brasil em que vivemos
Em seguida haverá uma mesa de análise de conjuntura, com Leonilde Medeiros, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); Plácido Junior, geógrafo e agente da CPT Nordeste II; Cacique Babau, do povo Tupinambá do sul da Bahia e Maria de Fátima, da Articulação Nacional dos Quilombolas.
A programação seguirá, no período da tarde, com a apresentação de 21 experiências apresentadas pelos regionais da CPT de todo o país, dentro do eixo Memória, em que serão lembrados momentos marcantes da história das lutas camponesas e da ação da CPT junto aos povos do campo nesses 40 anos.
O evento seguirá até o dia 17 de julho, no Campus da Unir, em Porto Velho (RO).
Mais informações:
Cristiane Passos (assessoria de Comunicação do IV Congresso Nacional da CPT) – (69) 9368-1171
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