Famílias camponesas posseiras da comunidade do Una, em Moreno (PE), receberam a visita de um grupo de migrantes indígenas venezuelanos do povo Warao. O encontro ocorreu nessa segunda-feira, 17, e foi permeado pela troca de saberes e pela solidariedade entre os povos.
Ao chegarem, as famílias Warao foram acolhidas com um café da manhã preparado pela comunidade. Durante a visita, o grupo indígena conheceu de perto a realidade, o trabalho e o dia a dia dos agricultores e das agricultoras da comunidade, como a produção coletiva da farinha de mandioca e do beiju, a plantação de alimentos e a confecção de artesanato feito por mulheres do Una. Na ocasião, os Warao também partilharam com as famílias brasileiras algumas das experiências e práticas comuns ao seu povo.
“Para nós da comunidade do Una foi um momento muito rico de troca de saberes e de conhecimentos, com indígenas de outro país, de outra cultura. Foi uma forma de aprendizado. Apesar das diferenças, percebemos que o grupo gostou da visita e as crianças se sentiram em casa”, comenta a agricultora Soneide Gomes. Neide, como é conhecida entre as famílias do Una, fala ainda sobre outro aspecto considerado fundamental pela comunidade: a solidariedade entre os povos. “O mais importante foi poder acolher essas famílias que estão numa situação difícil. A nossa comunidade também passa por dificuldades, mas abraçamos a causa para prestar solidariedade a essas famílias”, comenta. A comunidade do Una é formada por cerca de cinquenta famílias agricultoras posseiras, sendo algumas moradoras do local há pelo menos setenta anos. Apoiadas pela CPT, a comunidade vem sendo referência na produção de alimentos sadios e trava uma luta pelo direito de permanecer na terra.
O encontro foi encerrado com uma celebração, seguida de um almoço ofertado pelas famílias agricultoras, feito exclusivamente com alimentos produzidos em suas roças. A visita foi acompanhada pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife, dom Limacêdo, por representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), da Cáritas, por seminaristas e por irmãs da Conferência de Religiosos do Brasil (CRB). O grupo de indígenas venezuelanos está alojado na cidade do Recife, onde é acompanhado pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM).
Imagens: Plácido Junior - CPT PE