Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cerca de 1.300 mulheres da Via Campesina realizaram na manhã do dia 6 de março quatro ocupações de terras no Rio Grande do Sul. As ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres da Via Campesina realizada durante toda semana dentro das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

O lema das mobilizações este ano é Mulheres Camponesas na Luta por Soberania Alimentar. As áreas ocupadas no Rio Grande do Sul pertencem a empresas que possuem monoculturas de árvores. As ocupações são, portanto, um protesto contra o deserto verde, que impede a reforma agrária e inviabiliza a agricultura camponesa. Foram ocupadas áreas da Aracruz Celulose, em Santana do Livramento, da Votorantim, em Candiota, da Stora Enso, em São Francisco de Assis e da Boise, em Eldorado do Sul, região metropolitana de Porto Alegre. Juntas, as quatro empresas possuem mais de 200 mil hectares de terras no estado. Quantidade, essa, que daria para assentar 8 mil famílias. Já no estado do Sergipe, mais de 500 mulheres, trabalhadoras rurais da Via Campesina, se dividiram em grupos que fecharam dois pontos da BR 101, e que fizeram panfletagem no município de Maruim, região norte do estado, e no município de Estância, região sul. As manifestações na BR terminaram por volta das 12 horas do dia 6, quando todas as manifestantes seguiram para o acampamento da praça Ranufo Prata, na capital Aracaju, onde centenas de trabalhadoras urbanas e rurais de Sergipe ficam acampadas realizando atividades lúdicas e políticas até o dia 8. Ainda no dia 6, cerca de 600 trabalhadoras rurais organizadas pela Comissão Pastoral da Terra e pelo MST ocuparam o Engenho João Gomes, no município de Gameleira, dentro do complexo da Usina Estreliana, na zona da mata pernambucana. O grupo reivindica a desapropriação de três áreas da Usina, os engenhos Pereira Grande, Bela Feisão e João Gomes. O engenho ocupado já foi desapropriado pelo Incra, mas a decisão foi revogada pelo Tribunal Regional Federal e, atualmente, aguarda decisão final do Supremo Tribunal Federal. O dia 7 foi marcado por manifestações nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em São Paulo , mais de 900 mulheres ocuparam a área da usina Cevasa, no município de Patrocínio Paulista. A usina teve parte de seu capital vendido recentemente para a transnacional Cargill, líder do agronegócio mundial. Essa região no interior paulista foi escolhida pelas mulheres por simbolizar a expansão do latifúndio da cana-de-açúcar, modelo baseado na superexploração de lavradores e lavradoras, e a destruição do meio ambiente. Em nota, as trabalhadoras afirmam querer denunciar através dessa ação, as falsas promessas do agronegócio em relação ao plantio da cana e à produção do etanol, e mostrar que a produção do álcool a baixos custos para os EUA beneficia apenas o agronegócio em detrimento dos interesses brasileiros e das necessidades da maioria da população. Em Minas Gerais , 600 mulheres representantes de trabalhadoras rurais sem terra, atingidas por barragens, quilombolas, geraizeiras, indígenas, camponesas, agentes de pastorais e estudantes, paralisaram as atividades da Mineradora MBR (Mineração Brasileira Reunidas). A ação teve por objetivo denunciar a degradação da natureza, a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, o agronegócio e a monocultura de árvores, o latifúndio, as altas taxas de energia, a transposição do rio São Francisco e o domínio imperialista estadunidense. Para conter a manifestação, o governador de Minas, Aécio Neves, enviou imediatamente para o local, 14 viaturas da polícia militar, um helicóptero, 10 motos e um caminhão da tropa de choque. Os policiais chegaram atirando contra as manifestantes e uma mulher foi ferida. As manifestações seguem no estado juntamente com o I Encontro Estadual de Mulheres da Via Campesina de Minas Gerais, até o dia 8. No Rio de Janeiro cerca de 150 trabalhadoras rurais, sindicalistas e militantes feministas ocuparam ainda no dia 7, por volta das 11 horas, a sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O grupo denuncia que o banco tem aumentado seus investimentos em energia, principalmente na área de biocombustíveis, e não planeja uma ação consistente de financiamento da agricultura familiar e dos assentamentos rurais. As mulheres afirmaram em nota que a ocupação é uma forma de protestar contra o atual modelo de exploração baseado no agronegócio financiado por bancos públicos, em especial o Banco do Brasil e o BNDES. Elas afirmaram, ainda, que só pretendem deixar o local após serem recebidas pelo presidente da instutuição, Demian Fiocca, para debater sua pauta de reivindicações que inclui crédito para agroindústria e subsídios voltados para a produção em assentamentos da Reforma Agrária. (fonte: CPT e MST) Assessoria de Comunicação Comissão Pastoral da Terra Secretaria Nacional - Goiânia, Goiás. Fone 62 4008-6406 ou 4008-6466

 

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