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Dia do Agricultor e da Agricultora foi marcado por uma marcha de 15km, da Ufal até o Centro, e ações solidárias
Centenas de camponesas e camponeses, vindos de assentamentos e acampamentos de luta pela terra de Alagoas, estiveram na capital do estado, entre os dias 24 e 26 de julho. Foram dias intensos de protestos, audiências, ações solidárias e debate, como parte da jornada de luta em defesa da Reforma Agrária e contra a fome e a miséria.
Após passar a noite concentrados na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), os sem-terra partiram numa grande marcha, organizada em fileiras, ocupando uma faixa da Av. Fernandes Lima. A caminhada seguiu por 15km.
Privatização não é a solução
A Equatorial foi o primeiro alvo do protesto. O objetivo foi denunciar que empresa privada tem enviado contas absurdas, no valor de até R$6 mil, para as famílias camponesas, e exigir a resolução dessa injustiça.
“A Equatorial, empresa privada que comprou a empresa pública de energia, oferece um péssimo serviço e cobra muito caro, tanto na cidade quanto no campo. Por isso, paramos aqui para protestar contra a alta da energia e contra a forma desumana que a empresa trata as pessoas”, explicou o coordenador nacional da CPT, Carlos Lima.
Solidariedade
A manifestação se encerrou na Praça dos Martírios, no Centro de Maceió. Enquanto o acampamento era concluído no local, foram distribuídas 10 toneladas de alimentos para os moradores e moradoras da Vila Brejal e Levada, periferia da cidade. Além disso, camponeses fizeram doação de sangue no Hemocentro de Alagoas (Hemoal).
Audiência com o governador de Alagoas
Na sequência, a audiência com o governador de Alagoas, Paulo Dantas, deu encaminhamentos às reivindicações da jornada. A reunião foi solicitada com antecedência através de um ofício protocolado pelas organizações do campo, inclusive, detalhando as pautas a serem tratadas.
Na ocasião, Dantas assinou a sanção do projeto de Reforma Agrária do acampamento Nossa Senhora de Guadalupe, no município de Igaci, aprovado pela Assembleia Legislativa. A vitória da comunidade foi um dos pontos favoráveis da audiência, segundo a coordenadora estadual da CPT, Heloísa do Amaral.
A conquista da terra prometida
Heloísa contou que as famílias camponesas do acampamento Nossa Senhora de Guadalupe, mesmo com tantas dificuldades, resistem durante muitos anos produzindo alimentos na terra que, antes de ser ocupada, estava numa situação deplorável.
“Era uma área experimental de pinha, graviola e caju. Tudo completamente largado. O pessoal recuperou todos os pomares. Eles têm gerado renda a partir do que foi abandonado pelo Estado, como também, da produção de feijão, de milho, da criação de animais, entre outras coisas”, disse. A área é considerada pequena: 118 hectares. 16 famílias, formadas por muitas crianças, vivem na comunidade.
Heloísa lembra que o acampamento começou na Quarta-feira de Cinzas, como encerramento de uma procissão. “Irmã Cícera que estava junto com o pessoal e a procissão tinha como destino a ocupação”, contou, destacando a importância da religiosa e camponesa para essa conquista.
“É extraordinário, porque faz muito tempo que a gente não tem uma vitória dessa”, disse a coordenadora da CPT em Alagoas. Entre as áreas acompanhadas pela Pastoral da Terra no estado, a última vitória concreta ocorreu há 10 anos no município de Major Isidoro. Isso mostra o quanto a Reforma Agrária está paralisada.
Conflitos no campo
A audiência com o governador definiu, ainda, a retomada do comitê estadual de mediação de conflitos agrários, com a primeira reunião marcada para o dia 15 de agosto. “O retorno do comitê foi importante porque essa é uma ferramenta que impede, de uma certa medida, a violência contra as famílias, no caso mais específico das famílias que estão acampadas e que têm decisões ou que têm processos solicitando a reintegração de posse. Então, isso evita os despejos dessas famílias, mesmo sabendo que existe a orientação do Supremo Tribunal Federal para impedir os despejos nesse período de calamidade no Brasil”, avaliou Carlos Lima, coordenador nacional da CPT.
Reforma Agrária estadual
Outras pautas fundamentais foram destinadas para uma nova reunião com a Secretaria de Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), que aconteceu logo em seguida. Entre elas, estavam as negociações para aquisição das terras das usinas Guaxuma e Laginha para as famílias que estão acampadas; a conclusão do processo de regularização fundiária dos acampamentos Bota Velha e Mumbuca, ambos no município de Murici; e a análise da situação do acampamento São Francisco, em Pariconha, nas margens do canal do Sertão.
Os movimentos reivindicam aproximadamente 11.000 hectares das usinas pertencentes à massa falida do Grupo João Lyra. Segundo Carlos Lima, caso a desapropriação ocorra, será a maior reforma agrária realizada pelo estado de Alagoas. “Estão sendo entregues todos os documentos necessários para que haja o tão sonhado encontro de contas e as terras sejam destinadas às famílias que ocupam”, explicou. Ele disse, ainda, que o mesmo encaminhamento foi dado na Seplag em relação às áreas emblemáticas.
Formação
No final da tarde de segunda-feira, 25, aconteceu uma Roda de Conversa, com a Professora Luciana Caetano e a Pastora Odja Barros, com o tema “Saídas à superação da extrema pobreza em um Estado periférico”.
Incra
Já na terça-feira, 26, pela manhã, as organizações do campo fizeram uma manifestação rumo ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com objetivo de denunciar a ausência da Reforma Agrária durante o governo Bolsonaro e o desmonte do órgão público. Cruzes foram levadas para simbolizar as mortes causadas pelos conflitos no campo.
Escoamento da produção
Finalizando a jornada de luta pela Reforma Agrária, houve uma reunião com a Secretaria de Estado do Transporte e Desenvolvimento Urbano (Setrand), para discutir a questão das estradas de acesso aos assentamentos. A carência de estradas é uma das principais dificuldades das famílias camponesas para escoar a produção de alimentos saudáveis. Isso piorou drasticamente diante das fortes chuvas que abalaram o estado.
Com o tema “Vida digna: essa é a nossa luta” e o lema “Sem reforma agrária não há democracia”, a jornada foi avaliada de forma positiva pelas organizações do campo: “Essa mobilização foi importante, pela unidade do campo, para movimentar novamente as famílias e por pautar o governo de Alagoas, concluiu Carlos Lima.
Entre as organizações e movimentos envolvidos na iniciativa estavam a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Frente Nacional de Luta (FNL), o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), o Movimento de Luta pela Terra (MLT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), o Movimento Terra Livre (TL) e a Liga dos Camponeses Pobres (CLP).
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No auge da pandemia de covid-19, quando as vacinas começaram a chegar, uma das peças de desinformação que mais circulou nas redes sociais e causou pânico foi a de que o imunizante poderia "alterar o DNA" humano. A informação falsa foi amplamente compartilhada por grupos negacionistas que tinham a intenção de desqualificar a eficácia das vacinas e desencorajar a imunização em massa da população. Vários cientistas e especialistas da área deram entrevistas a veículos de comunicação e agências de checagem desmentindo a informação. Mais de um ano após o início da vacinação, os números de mortes e casos graves da doença despencaram.
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Na manhã desta segunda-feira, 25, cerca de 200 camponeses e camponesas de comunidades em conflito na Mata Sul de Pernambuco realizam uma marcha no município de Ribeirão e um ato em frente ao Fórum da cidade para denunciar as mais recentes tentativas de despejo e expulsão contra famílias camponesas posseiras da região.
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Organizações do campo de Alagoas se unem em mobilizações e ações solidárias entre os dias 24 e 26 de julho
De 24 a 26 de julho, vai acontecer uma jornada de luta em defesa da reforma agrária e contra a fome e a miséria em Maceió. Com o tema “Vida digna: essa é a nossa luta”, a iniciativa, realizada por sete organizações do campo, conta com uma programação de atividades de mobilização e ações de solidariedade.
Estão juntas nessa jornada a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Frente Nacional de Luta (FNL), o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), o Movimento de Luta pela Terra (MLT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e o Movimento Terra Livre (TL).
Centenas de famílias camponesas chegam à capital no domingo, 24. Está marcada para o dia seguinte, 25 de julho – Dia do Agricultor e da Agricultora, às 13h, uma audiência com o governador do estado, Paulo Dantas. No mesmo horário, enquanto representantes se reúnem, os sem-terra farão doação de sangue.
Audiência com Paulo Dantas – De acordo com o ofício protocolado no Palácio República dos Palmares pelas organizações, entre os pontos a serem tradados com o governo está a aquisição das terras da massa falida do Grupo João Lyra (antigas usinas Guaxuma e Laginha) para beneficiar as famílias sem-terra que ocupam essas áreas – como parte de acordo existente entre os Poderes Executivo e Judiciário de Alagoas e as organizações do campo; a aquisição e regularização de terras das “áreas emblemáticas”; a conclusão do processo de regularização fundiária dos acampamentos Bota Velha e Mumbuca, ambos no município de Murici; a retomada do comitê estadual de mediação de conflitos agrários e medidas emergenciais para o campo alagoano. Além disso, cada organização possui demandas específicas que serão tratadas junto ao governo do estado em agendas próprias a serem combinadas.
Debate público – Ainda como parte da programação da segunda-feira, às 16h30, na Praça dos Martírios, haverá uma roda de conversa, com a professora Luciana Cateano e a pastora Odja Barros, sobre as saídas à superação da extrema pobreza em um Estado periférico.
O tema do debate visa estabelecer um diálogo com a sociedade sobre o que as organizações do campo consideram o “caminho mais curto e eficiente para construir uma Alagoas sem fome e sem miséria”. Segundo o documento enviado ao governo, as organizações avaliam que o principal responsável pela situação de profunda desigualdade no estado é o sistema agrário secular que tem como base um “modelo fracassado que destrói as matas, contamina o solo e a água, explora a força de trabalho do nosso povo e frauda a arrecadação pública”.
Nessa perspectiva, a jornada de luta pretende trazer a reflexão sobre a necessidade da ruptura com a prática dos monocultivos (como cana, soja e eucalipto) e do uso de veneno (inclusive com apoio fiscal do Estado). “É preciso criar políticas que garantam terras aos empobrecidos e acesso a créditos desburocratizados, para seguirmos na produção de alimentos”, defendem as organizações do campo unidas.
Mais informações:
Carlos Lima – coordenador nacional da CPT: 82 9 9137-6112
Heloísa do Amaral – coordenadora estadual da CPT/AL: 82 9 9341-4025
Lara Tapety – assessora de comunicação da CPT/AL
82 9 9697-1000
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