A Vigília da Terra, realizada no Recife Antigo, no último dia 11 de outubro, foi uma celebração que reuniu diversos grupos, de diferentes expressões e espiritualidades, para ampliar o grito da terra e fortalecer as ações de resistência em defesa da Casa Comum, especialmente num contexto de crise climática vivenciado atualmente. A ação integrou um conjunto de atividades inter-religiosas e culturais que antecedem a COP-30, que será realizada em Belém, no Pará.
Setor de comunicação da CPT NE2
Imagens: Divulgação
A CPT esteve presente, engrossando as fileiras dessa luta junto a lideranças religiosas e espirituais, representantes de povos originários e comunidades tradicionais, movimentos sociais, artistas, organizações e ativistas ambientais, além de pessoas e comunidades de fé. Promovida pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER), a Vigília pela Terra teve o objetivo de celebrar a espiritualidade e fortalecer ações em defesa da vida e do meio ambiente.
Durante a vigília, o agente pastoral, compositor e cantor Benoni Codácio foi um dos artistas que animou o público com canções e poesias de resistência. Já Geovani Leão, agente pastoral e membro da coordenação regional da CPT, apresentou a missão da Comissão Pastoral da Terra.
Confira:
“A terra é dom de Deus, lugar de vida, partilha e comunhão. Desde o princípio, Deus confiou a terra à humanidade para que dela cuidasse com amor e justiça e não a tornasse mercadoria. No entanto, a história tem mostrado que esse dom foi muitas vezes transformado em instrumento de poder, desigualdade e exclusão. A concentração da terra, o desrespeito à natureza e a negação do direito dos pobres à terra ferem o projeto de Deus e fazem a criação gemer de dor.
O apóstolo Paulo, na carta aos Romanos (8,19-23), nos lembra que “a criação geme em dores de parto, aguardando a libertação dos filhos e filhas de Deus.” Toda a criação sofre esperando o dia em que a justiça e a vida vencerão a exploração e a morte. Essa palavra ilumina a missão profética da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que, movida pelo Evangelho, caminha ao lado dos povos do campo, das águas e das florestas, defendendo seus direitos e anunciando um novo modo de viver em relação com a terra, com a nossa nossa Casa Comum, como costumava dizer o Papa Francisco.
A CPT acredita que a terra é de todos e para todos. E que os famílias camponesas posseiras (atingidas pela agropecuária, pelas usinas de cana-de-açúcar e energia eólicas), que os povos originários, que comunidades quilombolas, entre tantas outras, devam ter seus direitos de viver e produzir no campo respeitados.
A Missão da CPT é ser presença solidária e esperançosa junto às comunidades que lutam por um pedaço de chão, por moradia, alimento e dignidade. É uma missão que brota da fé e se concretiza na ação, buscando construir uma sociedade onde a justiça e o cuidado com a criação sejam sinais do Reino de Deus.
A luta pela terra é mais do que uma causa social. É uma expressão de fé e compromisso com a vida. É resposta ao clamor da terra e dos pobres. Cada roçado cultivado, cada acampamento erguido, cada gesto de solidariedade e resistência são sinais de que o Reino está sendo semeado.
Assim, inspirados e inspiradas pela esperança de Paulo, pela missão da CPT e pelo clamor da criação, reafirmamos nosso compromisso com a justiça, a vida e a dignidade de todos os povos da terra. Que o Deus da vida continue a nos fortalecer na luta, até que todos os povos oprimidos libertem-se uns aos outros e até que toda a criação seja liberta e possa cantar a alegria da nova terra e do novo céu”.