No último sábado, 17, cerca de 25 mulheres camponesas do Agreste e do Sertão de Pernambuco se reuniram no Sítio Macambira, localizado no município de Caetés, para dialogar e compartilhar experiências de luta frente aos impactos causados pelos grandes empreendimentos de geração de energias renováveis, especialmente as usinas eólicas e as redes de transmissão de energia.
Setor de comunicação da CPT Nordeste 2/ Imagens: Ângela Shepp
As mulheres do Agreste, já afetadas pela presença massiva desses empreendimentos, compartilharam suas realidades com as mulheres do Sertão de Itaparica, onde diversas comunidades tradicionais lidam com a iminência da chegada de torres de transmissão de energia. O encontro foi um espaço de articulação, compartilhamento dos desafios enfrentados e, sobretudo, de apoio mútuo para ampliar a resistência nas diferentes regiões do estado.
Um dos principais temas discutidos no encontro foi o impacto sobre a saúde das camponesas. Como apontaram as participantes, são elas que permanecem mais tempo nas casas e, por isso, sentem de forma mais intensa e contínua os danos causados por esses empreendimentos. "Foi um encontro muito importante, pois reunimos mulheres do Sertão - onde há algumas comunidades que ainda alimentam ilusões sobre os benefícios desses empreendimentos - com mulheres que já enfrentam na pele os seus impactos. Foi um grande alerta", afirmou Ângela Shepp, quilombola e agente pastoral da CPT.
As agricultoras ressaltaram que o encontro foi fundamental para aumentar a conscientização e a compreensão sobre o que está por trás do discurso de “sustentabilidade” levado a cabo pelas grandes empresas de energias renováveis. Na avaliação, de modo uníssono, elas ressaltaram: "escutamos muitas coisas que não sabíamos. Foi importante para a gente se atualizar e aprender umas com as outras mulheres”. Ao final, as agriculturas assumiram o compromisso de dar continuidade às articulações entre as regiões com novos encontros itinerantes, além de amplificar as denúncias dos danos causados às vidas das mulheres, de suas comunidades, territórios, saúde e meio ambiente.