Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Seguindo as ações da Jornada de Lutas pela Reforma Agrária, os cinco mil Sem Terra acampados em Maceió desde o último domingo (15), realizam na manhã dessa quarta-feira (17) um grande ato ecumênico em memória aos 22 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Com início marcado para às 7h30 em frente ao Tribunal de Justiça de Alagoas, no centro da cidade, ato já tem confirmação de diversas lideranças religiosas da capital alagoana e de representações de movimentos populares, sindicatos e partidos. 


O ato deve reunir milhares de pessoas na Praça Deodoro que, em memória aos 21 trabalhadores rurais assassinados no massacre no estado do Pará pela Brigada Militar em 1996, durante o maior massacre contra trabalhadores rurais em luta pela terra, os manifestantes exigem o fim da violência e da impunidade no campo. 
"O massacre em Eldorado ficou conhecido internacionalmente e, desde então, o dia 17 de abril é marcado como o dia internacional de luta camponesa, onde em todo o mundo levantamos a bandeira em defesa da Reforma Agrária e contra a violência ainda presente nos dias de hoje no campo brasileiro, estimulada pela impunidade que aumenta o número de mortes, de atos violentos, ameaças e tensões no meio rural. O mês de abril simboliza o derramamento de sangue pelo Estado brasileiro de trabalhadores e trabalhadoras que sonhavam com a terra e sua liberdade”, explicou Débora Nunes, da coordenação nacional do MST. 
Segundo Débora, o massacre de Eldorado não é um caso isolado na história da luta pela terra. “Ainda hoje vivemos casos de violência contra os camponeses e camponesas que seguem na impunidade”, destacou.


 Nunes reforçou os números divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) que nos últimos dois anos foram assassinados mais de 100 trabalhadores do campo, lideranças camponesas e indígenas, no Brasil.


 “O segundo país que mais concentra terra no mundo, também é o país que mais mata camponeses e camponesas, por isso estamos mais uma vez ocupamos Maceió, com nossas bandeiras, instrumentos de trabalho, mostrando que o que queremos é a destinação das terras dos acampamentos desse estado para a Reforma Agrária, queremos que os assentamentos tenham as condições dignas para que possamos viver e produzir no campo”.


 De acordo com Carlos Lima, da Comissão Pastoral da Terra, a celebração em memória aos que tombaram na luta pela terra em Alagoas e no Brasil faz parte da mística dos movimentos campesinos. “Os que tombaram na luta representam uma ideia de uma sociedade pela qual lutamos: sem latifúndio, sem a cerca, sem sofrimento”, disse. 

Ocupação na Secretaria da Fazenda 

Movimentos do campo ocupam a SEFAZ. Foto: Gustavo Marinho/MST-AL

Durante as primeiras horas da manhã de segunda-feira (16), os sem-terra ocuparam a Secretaria do Estado da Fazenda (Sefaz), exigindo audiência com o governador do estado Renan Filho (MDB) para avançar nas negociações das terras da massa falida do Grupo João Lyra, reivindicação antiga dos movimentos de luta pela terra de Alagoas. 
“Queremos celeridade e que o governo cumpra com a promessa de apresentar aos movimentos sociais e à sociedade alagoana a real dívida que o Grupo João Lyra tem com o estado e que essa dívida seja transformada em desapropriação das terras da massa falida para assentar as milhares de famílias que vivem acampadas na região”, comentou Josival Oliveira, do MLST. 


Marcos Antônio, do Movimento Via do Trabalho, reforçou que os movimentos já aguardam um retorno do governo há meses em relação a pauta das terras da massa falida. “Esperamos sentar com o governo do estado e dar consequência às negociações em relação à destinação das terras da massa falida para fins de Reforma Agrária. Precisamos regularizar as terras das Usinas Guaxuma e Laginha, para transformar as terras em assentamento e vida digna para centenas de famílias”. 

Mutirão de doação de sangue 

Dezenas de camponeses doam sangue no Hemoal. Foto: Gustavo Marinho/MST-AL

Ainda compondo a agenda de lutas dos camponeses e camponesas em Jornada no estado de Alagoas, um mutirão de doação de sangue foi realizado na sede do Hemocentro de Alagoas (Hemoal). 
Cerca de 100 Sem Terra foram doar sangue para reabastecer o banco de sangue do hemocentro que, ainda no final do ano de 2017, registrou baixos índices de reserva de estoque sanguíneo, com o número de bolsas de sangue abaixo da média recomendada pelo Ministério da Saúde. Somente em dezembro, o hemocentro contava apenas com 59 bolsas, das 300 exigidas pelo Ministério, segundo nota da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).


“A solidariedade é um componente que pertence a vida dos camponeses e camponesas, faz parte da nossa natureza ser solidário. Quem produz alimento para a sociedade, quem tem como missão proteger a sociedade, a natureza, sempre carrega a marca da sensibilidade e da solidariedade”, destacou Carlos Lima, da CPT.
 “No momento em que a gente tá celebrando a memória daqueles que tiveram seu sangue derramado, a doação de sangue cumpre o sentido de mostrar para o povo que o sangue daqueles que fazem luta por uma sociedade melhor está sendo doado para salvar vidas”, explicou Lima. 


Participam da Jornada em Alagoas cerca de cinco mil Sem Terra organizados no MST, na Comissão Pastoral da Terra (CPT), no Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento de Luta Pela Terra (MLT) e no Movimento Social de Luta (MSL). 


Outras informações:
82 9 9613-3314 - Gustavo Marinho
Comunicação MST - Alagoas
 
Fonte: MST - Alagoas

 

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