Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

No estado do Alagoas, 16 rodovias foram interditadas em memória aos 21 trabalhadores rurais assassinados no Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.

Os bloqueios ocorreram nos municípios de Maragogi, Flexeiras, Matriz do Camaragibe, Joaquim Gomes, União dos Palmares, Murici, Atalaia, Arapiraca, Piranhas, Porto Calvo, Junqueiro, Olho d'água das Flores e duas áreas em Delmiro Gouveia, trabalhadores e trabalhadoras rurais do do MST, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), e do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), compõem a Jornada Nacional de Lutas, cobram justiça e denunciam a violência no campo.

 

Em memória aos 21 mortos do dia 17 de abril de 1996 no Massacre de Eldorado dos Carajás, militantes da Via Campesina estão em mobilização em todo o país. Na manhã de hoje, rodovias em diversas regiões estão sendo bloqueadas simultaneamente por 21 minutos para cobrar o julgamento do caso que completa 16 anos de impunidade e em memória aos trabalhadores que tombaram na luta contra o latifúndio.

Quase 100 famílias Sem Terra estão acampadas na Fazenda São Braz, conhecida como Fazenda Camarão, no município de Barra de Santo Antônio em Alagoas, desde quinta-feira (12/4). A ocupação vem sofrendo ataques por parte da Polícia Militar pressionando para que os trabalhadores rurais deixem o local.

As famílias, que ocupam fazenda pertencia a uma empresa do estado de Pernambuco, são abordadas diariamente pela Polícia Militar que, acionada pelo então gerente da empresa que mantinha a área improdutiva. “A PM está fazendo a segurança de um local privado e vem amedontrando os trabalhadores que estão na fazenda”, afirma a direção estadual do MST.

Segundo relatos, são rondas diárias da PM no local ameaçando processo aos trabalhadores que estão na área e abordando-os de forma arbitrária, pressionando para enfraquecer a mobilização.

A postura da PM nesse caso é mais uma constatação da maneira com que o Estado trata a Reforma Agrária. Mesmo com a pressão do latifúndio, apoiados pela ação policial, trabalhadores e trabalhadoras vão continuar na ocupação, reafirmando a luta contra a concentração de terra que atinge todo o estado de Alagoas.

Jornada

Os movimentos relembram também outros casos de ataques aos trabalhadores rurais que, assim como o ocorrido no município de Eldorado dos Carajás - PA, continuam impunes. "Estamos organizados hoje para cobrar justiça nos casos de companheiros e companheiras que perdemos brutalmente e nos colocar contra a impunidade que incentiva a violência no campo pelo latifúndio”, afirma Carlos Lima da CPT.

A Jornada Nacional de Lutas em Abril vem denunciando a paralisação da política agrária no governo Dilma e reforçando a necessidade da realização da Reforma Agrária no país como caminho para a justiça social e combate a pobreza no campo.

Entenda o caso

17 de abril de 1996, em marcha pacífica pela rodovia PA-150, de Eldorado dos Carajás até Belém do Pará, cerca de 1.000 Sem-Terras reivindicando a desapropriação das terras do Complexo Macaxeira são abordados de forma violenta pela Polícia Militar do Estado do Pará;

A operação, ordenada pelo então governador Almir Gabriel (PSDB) e comandada pelo Coronel Mário Colares Pantoja e o Major José Maria Pereira Oliveira, culminou na morte de 21 trabalhadores rurais e 60 feridos;

154 policiais envolvidos na operação e denunciados pelo Ministério Público, apenas 2 foram condenados e aguardam, até hoje, em liberdade o fim do processo;
Conhecido como o Massacre do Eldorado dos Carajás, o caso ganhou repercussão internacional e ficou marcado como uma das ações policiais mais violenta da história do Brasil;

Em homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras rurais que lutam pela Reforma Agrária, o dia 17 de abril é conhecido como o Dia Internacional da Luta dos Camponeses. E desde 1996, todos os anos, nesse período a Via Campesina realiza mobilizações para cobrar o julgamento dos envolvidos no massacre e pautar a urgência da realização da Reforma Agrária no país.

 

Fonte: MST

 

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