Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Foi adiado, para o próximo dia 25 de março, o julgamento dos 15 réus acusados pelo assassinato do agricultor Luiz Carlos da Silva, 22, e pela tentativa de homicídio de mais treze trabalhadores rurais. O crime aconteceu durante uma greve de canavieiros, na Usina Santa Teresa, em Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco, em 1998

O julgamento, considerado um dos maiores da história da justiça em Pernambuco, estava previsto para acontecer na manhã de hoje, dia 13, no Fórum Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, Recife. Contudo, o advogado de defesa de cinco, dos quinze acusados, Dr. Moacir Veloso, não compareceu ao julgamento alegando motivos de saúde. Mesmo havendo a possibilidade de continuar o julgamento dos outros dez acusados, a juíza Marylusia Pereira Feitosa acatou a solicitação do Ministério Público de garantir que o julgamento fosse feito de forma conjunta com todos os envolvidos no caso. Segundo o promotor André Rabelo, a divisão do julgamento dificultaria o andamento do processo e a avaliação do júri sobre o caso.

Para o trabalhador rural, João Martins Salustiano, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Goiana (STR) e que acompanhou o comando de greve dos canavieiros na época, “a expectativa é de que agora não haja mais adiamento do julgamento”, já que o processo vem sendo protelado desde 1998. Segundo Padre Thiago, da Comissão Pastoral da Terra, que também acompanhou o caso desde o seu inicio, “o dia 25 de março será mais uma marca na caminhada para derrubar a violência estruturada pelo agronegócio e pelo monocultivo da cana-de-açúcar”.

Quase dez anos de impunidade - O fato que ocasionou a morte do canavieiro Luiz Carlos da Silva, à época com 22 anos, e que deixou feridos mais treze pessoas, foi a greve dos canavieiros convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Goiana – cidade localizada na Região Metropolitana do Recife. A manifestação, com cerca de 250 pessoas, aconteceu no Engenho Terra Rica, na Usina Santa Teresa, no dia 04 de novembro de 1998. Os manifestantes, que estavam em greve por reajuste salarial já a há quatro dias, foram impedir a contratação de cortadores de bambu para realizarem o corte da cana no Engenho Terra Rica. Durante a ação, os trabalhadores foram surpreendidos por policiais militares e seguranças da usina que chegaram dentro de carros atirando contra os manifestantes, segundo contou o então presidente do STR, José Mendes da Silva, ao Jornal do Commercio do dia 05 de novembro de 1998.

Equipe de Comunicação da Comissão Pastoral da Terra PE.

 

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