Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Movimentos sociais avaliam que transformações só ocorrerão com a unidade dos trabalhadores.

Pernambuco teve na quarta-feira (23) um dia agitado. Em todas as regiões do Estado, trabalhadores do campo e da cidade, da iniciativa privada e do serviço público, seguiram as movimentações do Dia Nacional de Lutas e a Jornada Nacional de Luta Unificada.

Já pela manhã, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam trechos de 12 rodovias pelo Estado. Pelo serviço público, ocorreram várias paralisações. Os servidores do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), do Metrorec, e das Universidades Federais (incluindo os docentes), da Polícia Federal, da Advocacia Geral da União (AGU), além dos professores da rede municipal de educação do Recife, realizaram uma paralisação de 24 horas. Somaram-se aos funcionários dos Institutos Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), paralisados desde os dias 14, 15 e 21 de maio, respectivamente.

Os professores da rede estadual de educação, seguindo orientação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), também paralisaram por hoje suas atividades. Além dos eixos de luta elencados pelo conjunto das entidades para o Dia de Lutas, os professores incluíram nas manifestações a defesa da educação pública de qualidade e a reivindicação de um piso salarial profissional nacional digno para a categoria. Em Pernambuco, essa discussão ganha ainda mais sentido: os profissionais da rede estadual recebem, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), o pior salário do país.

Ato e unidade

Em Recife, os movimentos sociais fizeram dois protestos. O discurso afinado das principais lideranças que promoveram uma dessas marchas, a caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista rumo ao ato na Praça do Carmo, não ficou apenas nos pontos que nortearam o Dia Nacional de Lutas (leia a convocatória). O mote “Nenhum Direito a Menos” veio acompanhado de uma contestação de conjunto do modelo de desenvolvimento hegemônico no país. Com algumas variações aqui e acolá, especialmente na conflituosa relação com o governo Lula, as principais falas durante o ato apontaram a importância da unificação dos diversos setores da classe trabalhadora para impor uma derrota profunda ao capitalismo brasileiro.

A construção dessa unidade, cuja urgência - frente aos riscos reais de perda de direitos - motivou a organização da Jornada Nacional de Luta Unificada, foi saudada pelas diferentes organizações. Segundo Sérgio Goiana, presidente da CUT-PE, a aposta na unidade se dá “porque existe um interesse coletivo”.

Para ele, o respeito às diferenças é fundamental para o êxito dessa atuação conjunta. “Os movimentos sociais devem servir de exemplo para a classe trabalhadora e mostrar que o interesse coletivo está muito acima do interesse individual”, completou o dirigente. Goiana afirmou ainda acreditar no futuro da aliança estabelecida, para além de questões pontuais: “esse [a unificação] é o único caminho, porque o capital avança organizado. Se não for assim, estamos perdidos”.

O desafio da unidade

A tese é muito simples: a classe trabalhadora pulverizada não avança, não impõe mudanças. E é compartilhada por Jaime Amorim, da Direção Nacional do MST: “A sociedade brasileira esteve desmobilizada, dividida em reivindicações isoladas. Há um sentimento de todos os que lutam de que é preciso unificar para construir a luta permanente. Tem-se início não a luta, que já existe, mas a unidade dos que lutam”

A tarefa, entretanto, ainda carrega algumas dificuldades. Prova disso é que a caminhada em Recife terminou se dividindo em duas. Para Sérgio Goiana, faltou debate para construir a unidade. O dirigente estadual do MST Alexandre Conceição acredita que as manifestações de ontem foram o início de um longo caminho de embates conjuntos da classe trabalhadora. “As divergências são diminuídas no andar da luta”, aponta.

Durante o ato, outras questões foram colocadas. Plácido Júnior, da CPT-PE, contestou a aproximação entre o governo federal e o agronegócio: “Lula tem apoiado o agronegócio da cana. Nós, de Pernambuco, sabemos o que os usineiros fizeram aos trabalhadores, ao meio ambiente, à economia. Se Lula quer desenvolvimento para o Brasil, não é com o apoio ao agronegócio da cana ou da soja que ele conseguirá”.

Educação

Houve, ainda, pautas mais específicas. O Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UFPE cobrou do governo federal a implementação completa do Plano de Cargos e Carreiras da categoria e a reposição salarial em relação às perdas dos últimos anos.

O sindicato protestou ainda contra o projeto de criação de Fundações Estatais para a administração dos Hospitais Universitários. Por fim, professores concursados para a rede estadual de educação e ainda não nomeados se organizaram e se manifestaram contra o preenchimento de cargos através de contratos temporários pelo governo do Estado

O ato em Recife contou com a participação de diversas centrais sindicais (CUT, CGT, CGTB, Nova Central), de diversas categorias de servidores públicos, de professores, de movimentos de luta pela terra e outras organizações. (com informações da Agência Carta Maior)

Fonte: Agência Brasil de Fato

 

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