Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O Tribunal do Júri do Pará condenou hoje o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, a 30 anos de prisão. Ele é acusado de mandar matar a irmã Dorothy Stang, em 2005.

Pela sentença, ele terá de cumprir a pena em regime fechado e sem direito de recorrer em liberdade. Como a pena excede 20 anos, Bida tem direito a um novo julgamento.

O Ministério Público pediu a pena máxima de 30 anos para o fazendeiro. O promotor Edson Cardoso disse para os jurados que a missionária era vista como uma ameaça para os fazendeiros, em virtude das atividadeS sociais que exercia.

O julgamento de Vitalmiro começou ontem e foi retomado hoje pela manhã com o debate entre acusação e defesa. O juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, da 2ª Vara Penal de Belém, que preside o júri, suspendeu os trabalhos ontem, às 22h45, para o descanso noturno.

Os advogados Américo Leal, Eduardo Imbiriba e Ércio Quaresma Firpe, que defendem Vitalmiro, tentaram mostrar que o fazendeiro não tem relação com o crime e não tinha motivos para mandar matar a missionária.

Dorothy foi assassinada em 12 de fevereiro no Pará. Ela foi morta com três tiros em um assentamento de sem-terra no município de Anapu, região rural do Pará. No local, ela participava de um movimento que reivindica reforma agrária na região.

Depoimento

Ontem, no primeiro dia de julgamento, Bida negou por três vezes envolvimento no assassinato da missionária Dorothy Stang. No entanto, ele disse que viu a arma do crime na mão do pistoleiro Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, depois de ele ter disparado três vezes contra a freira.

A declaração de Bida, 36, a respeito da arma do crime ocorreu quando ele foi indagado pelo promotor de Justiça Edson Cardoso de Souza sobre como tomou conhecimento da morte da missionária.

Bida disse que estava em sua fazenda --o lote 55 da gleba Bacajá, que a freira defendia que fosse incorporado ao PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança-- quando o crime aconteceu.

Ele disse ainda que, no mesmo dia, também se encontrou Amair Feijoli da Cunha, o Tato, que trabalhava em sua fazenda e foi condenado pela acusação de ter atuado como intermediário da contratação dos pistoleiros. Em depoimentos anteriores, o fazendeiro sempre negou o encontro com Fogoió, Eduardo e Tato no dia do crime.

Em outro momento do depoimento, Bida disse que os três dormiram na sua fazenda e que ajudou na fuga. Ele destinou o final de seu depoimento para acusar a missionária de andar com um grupo "fortemente armado nos momentos de invasão de terras".

Fonte: Folha Online

da Agência Folha, no Pará

 

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