Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Trabalhadores rurais do Engenho Ubu, localizado entre os municípios de Igarassu, Grande Recife, e Goiana, Mata Norte do Estado, estiveram, ontem, na sede da Assembléia Legislativa, no Centro da capital, em protesto pela construção de um aterro sanitário, nas terras da Usina São José, onde está situada a propriedade. As obras foram iniciadas no ano passado e, segundo os agricultores, o funcionamento do empreendimento poderia provocar a contaminação das águas do Rio Arataca, responsável por auxiliar a Estação de Botafogo no abastecimento de vários bairros da capital pernambucana, além de prejudicar o subsolo da região.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Goiana, João Martins, o advento do aterro trará diversos problemas para as 169 famílias do local. “Nós vivemos da agricultura familiar e a contaminação da água e do solo pode inviabilizar a comercialização dos nossos produtos. Fora isso, ainda temos que nos preocupar com problemas de saúde que fatalmente atingirão a todos”, contou.

Para a deputada Ceça Ribeiro, presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, um problema de contaminação nas águas do Rio Arataca poderia prejudicar cerca de um milhão de pessoas no Recife. “O prejuízo ambiental que a poluição dessas águas pode trazer é imensurável. Pedimos alterações no projeto, mas a única modificação apresentada pela CPRH, que emitiu a licença, e pela empresa responsável foi a de lançar o chorume tratado no Canal de Santa Cruz, por meio de carros-pipa, em vez de lançá-los no próprio rio. É deixar de cometer um crime em um local para cometer em outro”, disse.

O presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), Hélio Gurgel, se reuniu, na tarde de ontem, com representantes dos trabalhadores e com o secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Aristídes Monteiro. Segundo ele, a empresa não pode ter a licença cassada, uma vez que agiu de acordo com todos os parâmetros técnicos e legais exigidos tanto pela CPRH, quanto pelas prefeituras, que são responsáveis pela anuência de funcionamento. “Todos os procedimentos exigidos foram cumpridos. O estudo e o relatório de impacto ambiental também foram efetivados e estão de acordo com as rígidas normas. Riscos existem, mas o estrito cumprimento das obrigações por parte da empresa diminui de maneira sensível qualquer perigo, inclusive com planos de emergência pré-estabelecidos”, assegurou.

De acordo com o projeto original, exposto em audiência pública no fim de 2005, a área de 85,31 hectares destinada ao aterro, fica a dois quilômetros de distância do rio. Quando finalizado, o novo empreendimento deverá receber e tratar resíduos sólidos urbanos e industriais dos municípios de Igarassu, Itapissuma, Abreu e Lima, Itamaracá, Araçoiaba, Olinda e Paulista, na RMR.

Fonte: Jornal do Commércio, Recife, Publicado em 13.12.2007.

 

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