Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

No próximo dia 26 de novembro, as comunidades de Chico Mendes I, Chico Mendes II e Taquara farão uma festa para comemorar um ano da posse do Engenho Prado, em Tracunhaém, zona da mata norte de Pernambuco. Apesar de festejarem a conquista da terra, as famílias lamentam a falta de estrutura, pois ainda não foram beneficiadas com os créditos disponibilizados pelo Governo Federal para a efetivação do assentamento. Na ocasião da imissão, o Presidente Nacional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Holf Hackbart, garantiu às famílias que até o final de 2005 todos os créditos seriam liberados. Um ano depois, apenas os créditos de alimentação e fomento estão em fase de liberação, os demais não se têm notícias. As famílias do Engenho Prado estão teoricamente assentadas, mas na prática vivem em estrutura de acampamento, faltam as condições básicas para o desenvolvimento da produção e para a digna sobrevivência das 300 famílias. Programação - A festa de comemoração vai durar todo o domingo (26). A programação tem início às 7h da manhã com a celebração de um culto ecumênico com memória da luta e, em seguida, um café da manhã e um torneio de futebol entre as comunidades. À tarde, um almoço coletivo e a exibição de vídeos e fotos aquecem o clima para o forró pé de serra que encerra as festividades. Histórico da área - A área conhecida como Engenho Prado compreende as comunidades de Taquara, Chico Mendes I e Chico Mendes II, onde moram, há nove anos, 300 famílias. A disputa pelas terras da Usina Santa Teresa, que pertence ao Grupo João Santos, teve início no ano de 1997 e perdurou por oito anos, quando, em 23 de novembro de 2005, o Incra foi imitido na posse do imóvel e o mesmo foi destinado ao assentamento das famílias que ali já produziam e moravam. Mesmo com as terras da Usina sem cumprir a sua função social a mais de 30 anos, a batalha judicial foi longa e bastante sofrida para os sem-terra. O poder do Grupo João Santos protelou por anos a imissão de posse dos engenhos, que teve a reintegração autorizada pela justiça duas vezes, uma ainda em 1997 e a outra em 2003. Nestes oito anos, as famílias foram vítimas de três violentos despejos e inúmeros constrangimentos por parte da polícia militar e de capangas ligados aos proprietários da Usina. Crianças revistadas nas escolas, águas envenenadas, casas destruídas e muita pressão psicológica deram dimensão ao caso e fizerem desta área um dos grandes símbolos da luta pela reforma agrária no estado de Pernambuco.

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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