Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Iniciado no dia 27 de novembro, o jejum de Dom Luiz Cappio é um importante passo no grande embate contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco. O governo Lula responde com arrogância, mentiras e uso das forças armadas para tocar a tão questionada obra.

A elite brasileira vem discutindo a transposição do rio São Francisco desde o Brasil império. O debate veio novamente à tona no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas o alto custo da obra e a oposição forte de setores importantes da sociedade levaram o projeto ao esquecimento.

O governo do presidente Lula, eleito com expressiva votação popular, tem dois objetivos fortes: a expansão da área plantada com cana de açúcar – pretende passar de 6 milhões para 21 milhões de hectares – o que vai gerar mais concentração da terra e da renda, êxodo rural e o aumento da miséria; e o outro grande projeto é a transposição do rio São Francisco, o qual continua ancorado na chamada indústria da seca e que será voltado para a produção de camarão, fruticultura e cana de açúcar irrigada. Tais projetos explicitam a política do governo Lula e do PT adequada à lógica neoliberal que fortalece o agronegócio e ataca o povo brasileiro.

A transposição do Rio São Francisco é mais uma mega-obra destinada para a viabilização do agro-hidronegócio brasileiro, especialmente o Cearense. Além do agronegócio, a obra vai engordar as contas bancárias das grandes empreiteiras - muitas delas financiaram a campanha do atual presidente. Ao contrário do que o governo Lula está propagando, a transposição não irá beneficiar em nada a população “sedenta” do semi-árido nordestino. O próprio projeto deixa claro que 70% das águas da transposição serão usadas para irrigação, 26% para indústria e apenas 4% para população rural (www.mi.gov.br).

É inconcebível e constrangedor o argumento que o presidente Lula vem utilizando para silenciar e desmoralizar o jejum do Bispo Dom Luiz Cappio, quando diz que “Entre 12 milhões de pessoas que sofrem com a escassez de água e o Dom Luiz, eu fico com os pobres”. Primeiro, esta obra não vai beneficiar 12 milhões de pessoas, o máximo de beneficiados serão 3,5 milhões. Segundo, existe propostas do próprio governo, através da ANA – Agencia Nacional de Águas – que irá beneficiar 44 milhões de pessoas a um custo da metade dos recursos previsto para ser gasto na transposição (3,6 bilhões), enquanto que a obra da transposição irá custar aos cofres públicos 6,6 bilhões e uma manutenção anual de 100 milhões (www.parnaiba.ana.gov.br/atlas_nordeste). Quem vai pagar essa conta? Mais uma vez o povo!

É público e notório que somente 5% das terras do semi-árido são irrigáveis, enquanto 95% não sevem para irrigação por apresentar solos muito rasos. Por isso, o problema da seca no nordeste não irá ser resolvido com essa obra da transposição.

O Bispo Dom Luis Cappio não está sozinho em seus questionamentos e o Governo Federal tem que ouvir o povo e paralisar a transposição, retirando imediatamente o exército dos eixos. Utilizar o exército para intimidar os Movimentos Sociais e o povo lutador é uma atitude AUTORITÁRIA. O governo deve suspender esta obra e não permitir que o Bispo e o rio sejam sacrificados, pois maior que a obra e o volume de recursos a serem gastos é a vida.

Revitalização SIM! Transposição NÃO!

SALVE O VELHO CHICO!

IBAMA - Maceió, 20 de dezembro de 2007

CPT – CIMI – MST – MLST – PSTU – PCB – CAZP – Além do Mito – SINDJUS –SINDIPETRO – DCE/UFAL

 

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