Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Brasília - A partir do dia 12, próxima segunda-feira, cerca de quinhentas pessoas estarão acampadas em Brasília (DF). São homens, mulheres e crianças, representantes de organizações, movimentos e comunidades da Bacia do rio São Francisco, que pedem a revitalização com experiências de convivência com o semi-árido e o fim do projeto de transposição do Rio.

Está prevista para acontecer, às 15 horas, uma entrevista coletiva com a participação do bispo Dom Tomás Balduíno, conselheiro permanente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e representantes de organizações e movimentos envolvidos na jornada de lutas, iniciada dia 22 de fevereiro, quando Dom Luiz Cappio protocolou carta ao presidente Lula. Acontecem ainda audiências com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e com o Ministério Público Federal, na quarta-feira, dia 14. No dia seguinte, será na Câmara dos Deputados. Além disso, foram solicitas audiências com a presidência da República e o secretário geral, Luiz Dulci; com o ministro Tarso genro, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República; com o Senado Federal, Tribunal de Contas da União e o Supremo Tribunal Federal (STF). O outro lado do rio Será montada uma tenda chamada de Espaço das Alternativas, onde a população poderá visitar uma exposição aberta e permanente. Nela haverá material sobre as experiências de convivência com o semi-árido e desenvolvimento sustentável. Além de uma exposição fotográfica com imagens do rio São Francisco. O fotógrafo João Zinclar, percorreu 2800 quilômetros da Bacia, desde a nascente até a foz. Intitulada O Outro Lado do Rio, a exposição apresenta 70 fotografias coloridas com motivos que vão desde os aspectos sócio-culturais até a degradação ambiental. O acampamento será montado na Praça das Fontes, próximo a Torre de TV, com representantes dos estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e do Distrito Federal. Além das audiências, reuniões, momentos de formação momentos com oficinas culturais e políticas, debates, painéis sobre revitalização, impactos causados pelas grandes barragens e outros grandes projetos, também estão previstas atividades em locais públicos de Brasília. Sobre a transposição O projeto de transposição do governo federal está orçado em R$ 6,6 bilhões, inclusos dentro do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Pretende construir dois canais, norte e leste, para verter águas do rio São Francisco, a partir dos municípios pernambucanos de Petrolândia e Cabrobó, em direção ao que está sendo chamado de Nordeste Setentrional. Em dezembro do ano passado, o ministro Sepúlveda Pertence do STF, derrubou todas as liminares que seguravam o início das obras. Entretanto, os demais 10 ministros do STF ainda não se pronunciaram sobre o assunto, ainda não foi dada a licença ambiental pelo Ibama e os pareceres do Tribunal de Contas da União não recomendam a obra atrelada a recursos públicos, por falta de garantias do projeto e a constatação do baixo atendimento à chamada população difusa. Polêmico, o projeto do governo federal tem causado um clima de divergência nacional. Os aspectos sobre a resolução dos problemas de água do semi-árido nordestino não são evidenciados. As águas previstas para verter nos dois canais servirão em 70% para irrigação e atividades como a criação de camarão, 26% para uso industrial e apenas 4% para o povo que vive em zonas rurais e urbanas. A pressão que os manifestantes pretendem fazer, sobre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, é para que sejam tomadas decisões no sentido de assegurar o fim do projeto e a construção de um processo de revitalização do rio, baseado em tecnologias apropriadas aos biomas, Cerrado e Caatinga, que considerem os conhecimentos e presença das comunidades tradicionais da Bacia.

 

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