Pesquisa realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, pelo aluno de Agronomia Matheus Bayer Gonçalves identificou as regiões do estado da Bahia com maior potencial para o cultivo de pinhão-manso destinado a produção de biodiesel. A espécie, rústica, perene e adaptável a uma vasta gama de ambientes, é considerada uma das oleaginosas mais indicadas para uso em biocombustíveis. A pesquisa recebeu menção honrosa no Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, entregue em outubro.
Estudo aponta áreas mais indicadas para cultivo de pinhão-manso na Bahia
O trabalho teve como objetivo determinar o zoneamento agroclimático para a cultura do pinhão-manso naquele estado, empregando-se técnicas de geoprocessamento. Os resultados foram obtidos a partir dos dados de temperatura média e de precipitação anuais, disponibilizados em bancos de dados da Organização Mundial da Agricultura (FAO), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Agência Nacional de Águas (ANA). Foram utilizados dados de 328 estações climáticas localizadas na Bahia e estados próximos.
Posteriormente, utilizou-se um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para se confeccionar os mapas temáticos de clima e do zoneamento. As localidades foram classificadas de acordo com as exigências climáticas da cultura em apta, marginal por restrição hídrica ou inapta. A pesquisa concluiu que o estado da Bahia apresenta 20,89% de áreas aptas ao cultivo do pinhão manso; 63,95% de áreas marginais por deficiência hídrica e 15,16% de áreas inaptas.
O pinhão-manso é uma nova opção de cultivo de oleagionosas para regiões de clima mais seco, como ocorre em grande parte da região Nordeste. Essa cultura pode produzir duas toneladas de óleo por hectare, levando de três a quatro anos para atingir a idade produtiva, que pode se estender por cerca de 40 anos. O número é muito superior a outras oleaginosas como soja, mamona e girassol. Além disso, a cultura do pinhão-manso possui baixo custo para a produção, o que pode estimular a agricultura familiar e a conseqüente geração de empregos.
Desenvolvimento
“Embora o pinhão-manso seja apontado como excelente alternativa para a produção de biodiesel, não existem muitos estudos que delimitem as áreas de produção com maiores chances de sucesso. As lavouras comerciais são ainda recentes e os trabalhos de pesquisa, no Brasil, encontram-se em sua fase inicial”, comenta Matheus. “Não existe, ainda, material selecionado, sistema de produção, zoneamento agrícola e pouco se sabe do real potencial da planta. Percebe-se que há muito o que se fazer em termos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica com relação à cultura do pinhão-manso”
A pesquisa Zoneamento agroclimático para a cultura do pinhão-manso no estado da Bahia, objetivando a produção de biocombustíveis, foi desenvolvida por Gonçalves durante estágio profissionalizante do curso de Engenharia Agronômica da Esalq. A orientação foi do professor Paulo César Sentelhas, do Departamento de Ciências Exatas (LCE).
O trabalho recebeu menção honrosa na categoria Jovem Universitário, do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia 2008, lançado em 26 de março em Buenos Aires (Argentina) com o objetivo de incentivar a integração regional e a realização da pesquisa científica e tecnológica orientada para o Mercosul. Estudantes, professores e pesquisadores da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai, receberam em 20 de outubro, os prêmios principais nas categoria Iniciação Científica, Jovem Universitário, Jovem Pesquisador e Integração.
O evento é promovido pela Reunião Especializada em Ciência e Tecnologia do Mercosul (RECyT), tem patrocínio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Petrobrás, com apoio da Unesco, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) e do Movimento Brasil Competitivo. A cerimônia de entrega da honraria integrou a abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília.
Da Redação, Agência USP de Notícias, 04/11/2008 11:51
(Com informações da Assessoria de Comunicação da Esalq)
Mais informações: (19) 3429-4477 / 3429-4485
Bahia tem 20% de áreas aptas para cultivo do pinhão-manso
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- Categoria: Código Florestal