Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Apesar da interrupção de quase um mês nas operações de combate ao trabalho escravo, 2007 registrou um número recorde de trabalhadores encontrados em situações precárias. No ano passado, 5.877 pessoas foram libertadas pelos fiscais do Ministério do Trabalho e receberam R$ 9,8 milhões em indenizações trabalhistas.

Segundo dados divulgados ontem, em 2007, foram fiscalizadas 197 fazendas em todo o país. Foram 110 operações realizadas. Do total de trabalhadores libertados, 3.497 conseguiram regularizar sua condição no local de trabalho depois da ação dos fiscais.

Desde 1995, ano em que foi criado o grupo móvel de fiscalização, já foram libertados 27.645 trabalhadores no Brasil. Os Estados com os mais altos índices de exploração de mão-de-obra em situação semelhante à de escravo são Pará, Maranhão e Tocantins.

Em setembro de 2007, um grupo de senadores criticou o trabalho dos fiscais na fazenda Pagrisa, no Pará. Os senadores disseram que não havia trabalho escravo na propriedade. Já os fiscais disseram ter encontraram mais de mil trabalhadores atuando nas lavouras de cana em condições precárias.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), uma das representantes dos ruralistas no Congresso, disse se preocupar com possíveis exageros nos números e lembrou o recente caso da fazenda Pagrisa.

"Nunca tínhamos ido a uma fazenda investigar o trabalho do grupo móvel, fomos pela quantidade de denúncias a favor da empresa. Se existem excessos até no Congresso Nacional, por que não pode ter excessos em ministérios?", questionou. Abreu afirmou ainda que más condições de trabalho e descumprimento de leis trabalhistas, apesar de errados, não levam à necessidade de libertar trabalhadores. Mas ela disse que o trabalho do grupo móvel é importante.

Após os ataques dos senadores, o Ministério do Trabalho suspendeu as ações do grupo móvel. As operações voltaram ao normal depois de 23 dias. Fazendeiros e empresas flagrados em condições irregulares pelos fiscais têm seus nomes incluídos em uma lista, conhecida como "lista suja". A exclusão da lista só ocorre após dois anos de monitoramento.

Por, JULIANNA SOFIA, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DA FOLHA DE SÃO PAULO, 17/01/2008..

 

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