Mulheres camponesas participaram de uma marcha para gritar BASTA aos impactos e danos causados por grandes empreendimentos de energias renováveis que vêm afetando incontáveis famílias agricultoras no Rio Grande do Norte. Com o lema “Do mar ao Sertão, as mulheres dizem não!”, a marcha ocorreu no dia 27 de setembro, em Assu, e reuniu mais de cem camponesas de comunidades acompanhadas pela CPT e pelo CF8, como Artur Sabino, Maurício de Oliveira e o Acampamento Irmã Lindalva.
Setor de comunicação da CPT NE2
Imagens: Equipe CPT Mossoró/RN
As agricultoras se concentraram no Acampamento Irmã Lindalva, que vem sendo impactado por um complexo solar vizinho. De lá, seguiram em caminhada por um trecho da BR-304 até uma área onde estão instaladas placas solares. Com punhos erguidos, entoando palavras de ordem, canções e segurando cartazes e faixas, as mulheres denunciaram os males provocados por esses grandes empreendimentos à saúde, à vida, ao território e ao meio ambiente. A atividade integrou a 6ª Ação Internacional 2025 da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
Para Vanúbia de Oliveira, Coordenadora Regional da CPT Nordeste 2, o protesto revela a força das mulheres frente à devastação causada pelos grandes empreendimentos de energias renováveis. “O acampamento Irmã Lindalva vem sendo impactado totalmente pelas placas solares. Isso significa que a área do entorno já recebeu veneno, foi devastada e ainda pode aquecer até 4ºC. Nesse local, existem assentamentos e produção de alimentos. Então, uma região que já é quente pode se tornar ainda mais quente com a ampliação desse tipo de empreendimento. Com a força que têm, as mulheres denunciam quando não há mais espaço de vida, de moradia, quando vai faltar alimento para seus filhos e filhas. Acreditamos numa real e justa transição energética, sem ocupar e devastar os territórios camponeses.”
Hilberlândia Andrade, agente pastoral da CPT no Rio Grande do Norte, também destacou a força da mobilização e seu caráter de denúncia. “Para produzir agroecologia, precisamos de terra. Esses empreendimentos estão prejudicando até os quintais produtivos, imagine os lotes. Os impactos são muitos: aumento da temperatura, desmatamento e prejuízo à produção de alimentos agroecológicos, entre vários outros. Há pesquisadores que alertam que a perspectiva é que o município de Assu seja coberto por placas solares. Por isso, para nós, da CPT, a mobilização foi muito positiva, com um forte caráter de denúncia feito pelas mulheres que ocuparam a BR para protestar contra esse modelo de energia renovável. Precisamos e iremos realizar mais mobilizações que denunciem os impactos desses empreendimentos.” enfatizou.