Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Uma família de jovens agricultores, filhos de assentados, sofreu uma reintegração de posse no assentamento Santo Antônio, situado no município de Governador Dix Sept Rosado-RN, no último dia 7. A área alvo da ação judicial foi uma parcela que estava abandonada pelo Incra após a saída dos antigos beneficiários. Sem a autarquia efetivar a transferência formal do lote, a área passou a ser revitalizada pela nova família, que se estabeleceu no local com uma significativa produção de alimentos e com o apoio da vizinhança e da associação comunitária. 

Setor de comunicação da CPT NE2, com informações da Equipe CPT Mossoró/RN

Fotos: Equipe CPT Mossoró/RN

 

A ação de reintegração de posse foi determinada pela Justiça Federal e executada pela Polícia Federal, com a presença do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A medida deixou as famílias do Assentamento Santo Antônio indignadas. 

Ainda em outubro de 2023, quando tomou conhecimento da decisão pela reintegração de posse, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) procurou a autarquia para tratar do caso e buscar caminhos para impedir a ação. Também houve uma audiência realizada na Câmara do município Governador Dix Sept Rosado, com a presença de representantes da autarquia e de mais de cem camponeses e camponesas, quando foi tratado novamente o caso e reiterada a solicitação do cadastro da família para a subsequente substituição formal para ocupação do lote. 

Conforme o agente pastoral da CPT José Carlos da Silva, era esperado que a reintegração de posse fosse evitada, considerando as prévias comunicações. No entanto, a ação ocorreu sem sequer ser do conhecimento da associação do assentamento. A família afetada foi obrigada a retirar seus pertences imediatamente e foi acolhida pela vizinhança. Diante desse cenário, uma audiência com o Incra deverá ocorrer no próximo dia 20 para discutir o caso. 

José Carlos considerou a reintegração de posse inaceitável e criticou a falta de sensibilidade para defender quem busca um futuro digno no campo, especialmente num contexto em que a sucessão rural é um dos maiores desafios para o campo brasileiro. “Ficamos indignados com essa atitude. Foi despejado um casal de jovens agricultores, filhos de  assentados que assumiram a responsabilidade e estavam produzindo alimentos na parcela com o apoio da comunidade. Esperamos que o Incra possa atuar de forma célere para reparar o ocorrido e garantir que a família permaneça no local".

 

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