Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cerca de 40 trabalhadoras participaram do Encontro de Mulheres Assalariadas Rurais do Rio Grande do Norte, ocorrido no dia 30 de julho, no Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Baraúna-RN. O objetivo da atividade foi ser um espaço de escuta e acolhida de mulheres que enfrentam violações de direitos humanos e trabalhistas no setor da fruticultura irrigada. O encontro também objetivou contribuir com o processo de auto organização das assalariadas na luta pela garantia de direitos e dignidade no trabalho no campo.

 

Setor de comunicação da CPT NE2, com informações da equipe de CPT no Rio Grande do Norte

Na ocasião, diversas assalariadas rurais deram testemunhos sobre a realidade e a rotina de trabalho com empresas do setor. Um dos relatos ouvidos foi o da ex-assalariada rural, hoje agricultora assentada da Reforma Agrária, Ana Maria da Silva Gomes. Ana relatou às demais participantes porque decidiu romper com o trabalho na fruticultura e ingressar na luta pelo direito à terra. A rotina de trabalho degradante e o contato frequente e sem proteção com agrotóxicos mesmo enquanto estava grávida foram determinantes para que ela decidisse mudar de vida. 

Além dos testemunhos, também foram apresentados dados do relatório que aborda os impactos aos direitos trabalhistas e humanos causados por empresas da fruticultura irrigada, “Frutas Doce, Vidas Amargas”,  produzido pela Oxfam Brasil em 2019. Jornadas de trabalho extenuantes, falta de equiparação salarial, assédio, constrangimento, contato frequente com agrotóxicos, falta de acesso a banheiros e a não oferta de alojamento, água e alimentação são algumas das graves violações apontadas pelo estudo.

Para Hilberlândia Andrade, agente pastoral da CPT, “as mulheres são as mais prejudicadas no trabalho com a fruticultura irrigada. São situações de precarização, de violações de direitos, de adoecimento. Muitas dessas mulheres estão isoladas e acham que enfrentam essa realidade sozinhas, mas em encontros como esse elas percebem que outras mulheres também enfrentam a mesma situação. É importante que se organizem, que compreendam, que estudem sobre seus direitos e que se fortaleçam para lutar e mudar essa realidade”. Ravenna Catarina, agente pastoral da CPT, também destaca a importância da auto organização das mulheres assalariadas da cadeia da fruticultura irrigada para combater a dura realidade enfrentada. “A auto organização vai garantir a efetivação de muitos direitos que podem ser violados na cadeia da fruticultura. As mulheres precisam estar aptas e acolhidas para denunciar essas violações”, conclui. 

O Seminário contou com o apoio da Oxfam Brasil, da Federação dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas do Rio Grande do Norte (Fetraern) e do Sindicado de Trabalhadoras e Trabalhadoras Rurais de Baraúna-RN. A expectativa é que outros encontros de mulheres assalariadas rurais possam ocorrer para que seja dada continuidade ao processo de auto organização das mulheres empregadas no setor da fruticultura irrigada no estado. Com relação aos relatos e testemunhos ouvidos, a CPT, em conjunto com os sindicatos e federações parceiras e em diálogo com as mulheres assalariadas, tomará as providências adequadas. 

 

 

 

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