Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Plantar agroecologia no coração da Chapada do Apodi e evitar que a Terra seja inundada pelo veneno do agronegócio. Com esse espírito, famílias camponesas no Oeste do Rio Grande do Norte estão se capacitando para ampliar o cultivo de algodão em consórcio agroecológico na região. A iniciativa tem sido uma importante ferramenta de luta para garantir mais autonomia camponesa e para enfrentar os danos sociais e ambientais causados pelo avanço de grandes empreendimentos da fruticultura irrigada na região.

As plantações já foram iniciadas. Nos próximos meses, 18 hectares de algodão em consórcio agroecológico deverão ser plantados no total por mais de 40 famílias apoiadas pela CPT e distribuídas em diferentes comunidades nos municípios de Apodi, Assu, Upanema e Governador Dix-Sept Rosado. No sistema do plantio consorciado, as agricultoras e agricultores cultivam o algodão ao lado de outras culturas, como o feijão, o milho, o gergelim, a melancia, o jerimum, o girassol e o amendoim.  

Numa região marcada pela escalada da fruticultura irrigada, a experiência vem irradiando e inspirando mais famílias camponesas. Maria Rita, da comunidade Terra de Esperança, em Governador Dix-Sept Rosado, é uma das agricultoras multiplicadoras da experiência. Ela comenta que “a plantação agroecológica é muito boa para o meio ambiente e para a gente mesmo, para as nossas famílias, porque sabemos que é uma produção de qualidade, que não vamos ter medo de comer, de usar, de cultivar, de colocar na terra. O algodão agroecológico só está trazendo coisas boas”.  

“Essa iniciativa tem uma importância muito grande para as famílias camponesas do Oeste do Rio Grande do Norte. É uma ação que contribui com os agricultores e agricultoras em sua luta pela permanência na terra e vai de encontro ao que está ocorrendo na Chapada do Apodi com a expansão da fruticultura irrigada, que vem devastando toda a região, envenenando a terra e as águas e adoecendo os trabalhadores e trabalhadoras em razão do uso dos agrotóxicos”, destaca Antônio Nilton, agente pastoral da CPT.

À medida que ampliam a plantação, as famílias partilham entre si seus aprendizados, saberes e também conhecem mais sobre o beneficiamento do algodão realizado por diversos camponeses e camponesas do estado por meio da Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi (ACOPASA). Sobre isso, Antônio Nilton acrescenta que “além da dimensão do cuidado com a natureza e da permanência na terra, há todo um processo em curso para que esses agricultores e agricultoras garantam a certificação orgânica junto ao Ministério da Agricultura, não só para o algodão, mas para toda a produção consorciada. É uma forma de fortalecer a sustentabilidade e autonomia de suas comunidades”. Por isso, a expectativa é que, em breve, as famílias possam comercializar a preço justo o algodão camponês e agroecológico e os demais alimentos plantados em conjunto. Todo esse processo vem sendo desenvolvido por meio de uma parceria entre a CPT e a Diaconia, com o apoio da organização de cooperação IAF.

Imagens: José Carlos/CPT

 

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