Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A Campanha contra a violência no campo se reúne com Lideranças comunitárias da Região Mata Sul (PE) para discutir estratégias de proteção popular diante dos conflitos agrários. Palmares, PE, 2 de dezembro de 2025 A Campanha contra Violência no Campo realizou uma importante Oficina de Autoproteção Comunitária no Centro de Treinamento de Lideranças, em Palmares (PE). A atividade reuniu 33 participantes de 11 comunidades da Região Mata Sul, oferecendo um espaço crucial de análise de risco e elaboração de estratégias de segurança comunitária.

O contexto dos conflitos

A origem dos conflitos na região Mata Sul de Pernambuco está intrinsicamente ligara à crise da monocultura da cana-de-açúcar. Com a falência das usinas de cana-de-açúcar, ex-funcionários que residiam nas fazendas, sem receber seus acertos trabalhistas, permaneceram na terra para garantir sua subsistência e seus direitos. O cenário agravou após as usinas arrendarem ou leiloarem seus engenhos. A partir daí começou iniciativas de expulsão das famílias à força ou por meio da justiça com processos de reintegração. As lideranças relatam que desde o ano de 2015 suas vidas mudaram drasticamente, devido ao aumento de situações de riscos.

Relatos de violações

Durante a Oficina, as lideranças detalharam as violências e ameaças que sofrem diariamente, incluindo:

  • Assassinatos e Ameaças de morte: intimidações, "tocaias", assassinatos de uma criança de 9 anos dentro de casa, sequestro de liderança.
  • Ameaças de despejo e prisão: presença intimidatória da polícia e prisão de lideranças.
  • Grilagem e invasão: destruição de patrimônio, agrotóxico como arma química, instalação de cercas em partes do território, supressão de vegetação e grilagem das terras.
  • Violência Psicológica: intimidações, espionagens, ameaças de morte, insegurança constante.

Fortalecer para resistir

A Oficina de Autoproteção, oferecida pela Campanha contra violência no campo, ministrada por Paulo Cesar Moreira (Sociedade Maranhense de Direitos Humanos - SMDH, via Projeto Defendendo Vidas), teve como foco ajudar as lideranças a refletir sobre os conflitos, analisar o contexto de risco e pensar mecanismos para se autoprotegerem. As comunidades ressaltaram a ausência de apoio do Estado e do Poder Judiciário na resolução de suas questões. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi mencionada como a principal aliada e mais presente, oferecendo suporte jurídico, intermediações políticas e apoio nas reuniões de resistência. A atividade também contou com a presença de Gabriel Teixiera (Associação Brasileira de Reforma Agrária - Abra) e Jardel Lopes (Secretário Executivo da Campanha).

A Campanha no território

A Campanha contra a violência no Campo já esteve com essas lideranças em 2024, ocasião de escuta para reelaboração do programa de proteção de defensores e defensoras de Direitos Humanos; seguida de uma Oficina de autoproteção na Comunidade Canoinhas e reunião com lideranças da Região para discutir sobre os Conflitos no Campo. O Fórum das comunidades em conflitos da Mata Sul do Pernambuco reúne com as lideranças bimestralmente, com o apoio da CPT, para discutir os conflitos e os possíveis encaminhamentos de reconhecimento dos direitos territoriais. A Campanha reúne várias organizações da sociedade civil com os objetivos de compreender a natureza dos conflitos, denunciar a violência, incidir junto aos órgãos de estado, proteger as comunidades e promover seus modos de vida.

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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