Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Dona Maria do Socorro Lima, 65, é uma camponesa que produz de forma agroecológica e vive há mais de 30 anos no sítio Flamengo, localizado no município de Garanhuns (PE), junto com outras famílias camponesas posseiras. A maioria já conquistou o direito ao usucapisão; Dona Maria ainda não.

Desde 2009, o seu caso vem se arrastando na justiça. A prefeitura de Garanhuns manifestou interesse na área em que vive, o que fez o seu processo se deslocar da Vara Cível para a Vara da Fazenda Pública.  Até hoje, mesmo após 11 anos, não houve audiência de instrução, uma das etapas iniciais do processo judicial, quando testemunhas são ouvidas. 

Enquanto o processo na justiça não avança, a agricultora sente na pele as ameaças e pressões sobre suas terras. Um exemplo dessa situação ocorreu há cerca de duas semanas. Dona Socorro foi surpreendida com a chegada de homens e retroescavadeiras no entorno de suas posses. Segundo relato encaminhado à CPT, ao serem perguntados sobre os motivos que os levaram até ali, os homens informaram que estavam sob ordens da prefeitura de Garanhuns para realizar uma terraplanagem em terreno vizinho.  Mas o serviço não respeitou a área da agricultora. Conforme relatado à Pastoral, Dona Maria do Socorro teve sua área invadida, sua cerca destruída e um trecho de seu terreno desmatado.

A camponesa, que mantém uma ampla produção agroecológica e vende em feiras orgânicas da cidade, ficou indignada. “Eu tive uma depressão tão grande, porque é uma coisa que a gente luta há tantos anos, tem o cuidado de preservar a natureza, e de repente chega uma pessoa que não pede nem licença, já invade e vai derrubando. É angustiante”, afirma. “Desde 2009 acompanhamos esse caso. Quando pensamos que o processo vai andar, somos surpreendidos com vários entraves. É uma situação desgastante e desafiadora, pois a área sofre forte especulação imobiliária,” completa Eurenice da Silva, agente pastoral da CPT no agreste do estado.  

O advogado Dominici Mororó, que acompanha o caso, ressalta que por haver ainda a discussão na justiça se a prefeitura tem ou não o direito sobre a terra e por não ter tido decisão judicial para adentrar na área de Dona Socorro, a administração do município agiu de modo ilegal.  O caso já está sendo informado à justiça e monitorado pela CPT.

 

Imagens: Família de Maria do Socorro - Garanhuns/PE.

 

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