Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A iminência da expulsão de 35 famílias de posseiros que vivem há mais de 60 anos no Engenho Una, localizado no município de Moreno, foi tema de reunião que ocorreu na última sexta-feira, dia 06 de novembro, na sede da Secretaria de Direitos Humanos, em Recife.

 

O Engenho Una, que pertence à falida Usina Bulhões, já há alguns anos tem sido alvo de conflito fundiário envolvendo o proprietário e os posseiros. Desde 2011, existe um pedido de desapropriação do imóvel motivado pela situação de ameaças e violências que as famílias vinham sofrendo.  Uma das moradoras do Engenho está incluída no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e vários outros moradores sofrem constantemente intimidações e ameaças que já são de conhecimento dos órgãos governamentais competentes. No entanto, a situação que já era alarmante, pode ainda piorar. Isso porque o proprietário da Usina Bulhões negocia dois de seus cinco imóveis para serem adquiridos pelo Incra (Engenhos Poço Dantas e Várzea do Una)  com a condição de que os demais sejam inteiramente desocupados, incluindo o Engenho Una.

 

Durante a reunião, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) reivindicou que todos os engenhos da Usina Bulhões que não cumpram com a função social da propriedade devem ser desapropriados para fins de reforma agrária. A Pastoral alertou ainda que o número de famílias que serão retiradas dos cinco Engenhos é significativamente maior que o número de famílias que poderão ser assentadas nos dois Engenhos. Para a Pastoral, os órgãos governamentais, tanto estaduais quanto federais, ao seguirem tal negociação irão gerar mais trabalhadores sem terra que assentados.
 
Apesar da gravidade da situação, os órgãos presentes se comprometeram somente em provocar mais uma reunião da Comissão Estadual de Combate à violência no campo para articular as demais secretarias de governo e discutir sobre as possíveis soluções do conflito.
 
Os moradores sitiantes do Engenho Una advertiram aos órgãos competentes que atue antes que algo mais grave ocorra no local. As famílias reivindicam que o Incra e o Governo do estado atuem com justiça e urgência, no sentido de garantir a permanência dos posseiros, por meio da desapropriação de todos os imóveis da Usina Bulhões, em especial do Engenho Una, por se tratar do imóvel de maior conflito agrário pertencente à Usina.
 
Além de representes da comunidade, estiveram presentes a Secretaria de Direitos Humanos do estado de Pernambuco, a Secretaria de Defesa Social (SDS), Polícia Militar de Pernambuco, Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), Incra, Procuradoria da Fazenda Nacional e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
 
 
Setor de comunicação da CPT NE 2

 

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