Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A Zona da Mata pernambucana tem passado por profundas mudanças nas suas bases produtivas, onde o monocultivo da cana de açúcar passa a dividir espaço com o investimento e a instalação de grandes empreendimentos industriais. Para os movimentos sindicais e organizações sociais que atuam na região, o novo cenário tem aumentado ainda mais as dívidas sociais históricas que deixam profundas marcas na Zona da Mata. Segundo dados do IBGE, 17,6% da população local ainda vive em situação de extrema pobreza. A região também apresenta um dos maiores índices de concentração de terras do estado, os municípios possuem Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) alarmantes e cerca de 50% das famílias dependem de programas de transferência de renda para sobreviver.

 

Como proposta de contraposição a este modelo de desenvolvimento excludente e injusto vigente na região, os movimentos sindicais e organizações sociais elaboraram o documento “Diretrizes para a reestruturação socioprodutiva da região”, que será entregue aos governos e ao Poder Legislativo, nos níveis municipais, estadual e federal, nesta segunda-feira, dia 12, às 14h, na Sede do Sindicato dos Bancários, no bairro da Boa Vista, no Recife.

 

O documento contém 85 propostas divididas nos eixos: permanência e acesso à terra e ao território; assalariamento rural; sistema produtivo, agroecologia, segurança e soberania alimentar; e  políticas públicas e projetos/programas sociais. A iniciativa de reunir parceiros para a construção desse documento foi da Fetape e a produção do texto foi subsidiada por um ciclo de reuniões, oficinas e seminário, que, além de envolver as organizações que assinam as Diretrizes, possibilitaram a escuta de moradores da região, pesquisadores e economistas. Outros documentos históricos escritos pelos movimentos sociais sobre a Zona da Mata também foram referências para a elaboração das propostas.

 

Para Plácido Júnior, da Comissão Pastoral da Terra, a elaboração e entrega do documento “demonstra a capacidade de unificação entre diversos movimentos sociais, organizações, pesquisadores, academia e lideranças camponesas, que juntos reforçam a denúncia do modelo de desenvolvimento tão historicamente combatido por Margarida Maria Alves, Josué de Castro, Gregório Bezerra e tantos trabalhadores e trabalhadoras rurais.” O documento, “além de denunciar que este modelo de desenvolvimento não resolve os históricos problemas da região, aponta a Reforma Agrária e a defesa dos territórios camponeses como proposta concreta para enfrentar os principais desafios da região e o combate à fome tão presente na Zona da Mata”, complementa.

 

Assinam o documento: Fetape, Sindicatos dos/as Trabalhadores/as Rurais, Contag. CUT/PE, CTB, MST, MLST, CPT, Centro Sabiá, Serta, Fase, Centro Josué de Castro, LecGeo/UFPE, ICN, Coopagel, Assocene, Dieese, Fesan.

 

Homenagem a Margarida Maria Alves - A data de apresentação do documento marca os 30 anos da morte da líder sindical paraibana Margarida Maria Alves, assassinada no dia 12 de agosto de 1983,

no município de Alagoa Grande. Margarida era presidenta do Sindicato de Canavieiros e canavieiras do município de Alagoa Grande, na Várzea da Paraíba. Por sua postura combativa, Margarida foi alvo de várias ameaças de morte durante sua permanência frente ao movimento sindical do estado.  “Da luta eu não fujo” e “é melhor morrer na luta do que morrer de fome”, eram as respostas dadas por Margarida aos que tentavam dissuadi-la de denunciar as injustiças cometidas pelos Usineiros e de luta pela Reforma Agrária. Entre os movimentos sociais do campo, costuma-se dizer que Margarida Maria Alves, mártir da luta camponesa, não foi enterrada, mas “plantada”: uma semente fecunda de muitas lutas e de novas militâncias.

 


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