Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Mobilização com 2000 camponeses e camponesas conquista canal direto com Incra em Brasília

A Marcha em Defesa da Democracia e por Reforma Agrária em Alagoas, ocorrida nos últimos dias 07 e 08 de agosto, mostrou que a unidade entre aqueles que lutam pela terra é fundamental para a garantia da execução de políticas públicas para as famílias camponesas e para o respeito aos direitos conquistados.

Setor de comunicação da CPT NE 2

 

A avaliação das organizações e dos movimentos do campo que encabeçaram a iniciativa foi positiva. A partir da mobilização, foram definidas agendas de negociação com os governos estadual e federal, além de encaminhamentos práticos no sentido de atender as reivindicações.

“Estão se apresentando caminhos importantes de diálogos no sentido de trazer conquistas para o nosso povo que luta por terra e por reforma agrária no estado de Alagoas”, comentou Carlos Lima, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre os desfechos da caminhada que ultrapassou 45km.

Realizada conjuntamente, a marcha reuniu cerca de 2000 camponeses e camponesas vindos de todas as regiões do estado. A mobilização começou com a chegada dos participantes no município de Messias, na noite de domingo, 06. No dia seguinte, houve a passeata rumo ao Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Rio Largo. De lá, foi até o campus A. C. Simões, em Maceió, onde foi montado acampamento durante a noite da segunda-feira, 07.

Na Ufal, uma comissão de representantes foi recebida pelo magnífico reitor, Josealdo Tonholo, e por Alexandre Conceição, assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA) em Brasília (DF). Na ocasião, houve o diálogo sobre o cenário político agrário em Alagoas e como a universidade pode contribuir com a agricultura familiar camponesa.

 

Comunicação direta com o Incra em Brasília (DF)

Na terça-feira, 08, pela manhã, houve uma reunião entre as coordenações das organizações e movimentos sociais e representantes do governo federal, na superintendência do Ibama em Alagoas.

Participaram da conversa o presidente do Incra, César Aldrighi; a diretora nacional de Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento do Incra, Rose Rodrigues; o assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA) em Brasília (DF), Alexandre Conceição; e o coordenador executivo do escritório do MDA em Alagoas, Gilberto Coutinho.

Em discussão, estava a retomada da reforma agrária em Alagoas e dos programas de incentivo a agricultura familiar camponesa que, até então, permanecem paralisados. Diante desse cenário, as organizações do campo reivindicam a exoneração do atual superintendente, considerado “bolsonarista de carteirinha”.

O presidente do Incra reconheceu que das 28 superintendências do Brasil, Alagoas é a única que não há diálogo. “A ideia de vir aqui é a partir dessa leitura de que precisamos avançar, já que a mudança do César Lira está fora do meu alcance”, explicou César Aldrighi. Assim, a vinda da equipe nacional à capital alagoana, em decorrência da marcha, teve o intuito de propor uma alternativa para o impasse: estabelecer um canal das organizações do campo do estado com o Incra em Brasília.

“A gente avalia que foi uma reunião boa. Havia um clima tenso em Alagoas porque o atual superintendente ainda não foi exonerado. Então, foi criada uma mesa de diálogo com o governo federal, com o presidente do Incra nacional, e marcamos uma reunião para o dia 16 à noite em Brasília, onde vamos apresentar a nossa pauta. Essa mesa de diálogo é uma comunicação direta com o governo federal, enquanto o superintendente não é exonerado”, disse a dirigente nacional do MST em Alagoas, Margarida da Silva, a Magal.

 

Fornecimento de energia elétrica no campo

Durante a reunião com o governo federal, os agricultores e as agricultoras aguardavam os encaminhamentos ali perto, na sede da Equatorial, empresa privada que comprou a antiga Eletrobrás num leilão por apenas R$50 mil. 

No local, houve uma reunião com o gerente de relacionamento com cliente, Carlos Humberto, e sua equipe técnica, para tratar sobre a deficiente estrutura de rede elétrica e o oferecimento de tarifa social nas comunidades assentamentos e acampamentos de luta pela terra.

A empresa se comprometeu em verificar os casos de contas altas para as famílias camponesas e fazer visitas nas áreas no sentido de melhorar a qualidade do fornecimento de energia elétrica e atender novas demandas. Também estiveram presentes o Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC) da PM/AL.

 

Unidade das organizações e movimentos sociais de Alagoas

A Marcha em Defesa da Democracia e por Reforma Agrária em Alagoas foi encerrada na noite de ontem, 08 de agosto. A mobilização foi uma iniciativa conjunta da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Frente Nacional de Luta (FNL), do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), do Movimento de Luta pela Terra (MLT) e do Terra Livre.

 

 

 

Fotos 1: Jailson Tenório
Fotos 2 e 3: Lara Tapety

 

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