Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Professor Rafael Navas, da Ufal, falou sobre a experiência ocorrida nos dias 27 e 28 de outubro em Joaquim Gomes 

Nos últimos dias 27 e 28 de outubro, terça e quarta-feira, aconteceu em Joaquim Gomes, o segundo módulo do curso em agricultura familiar e agroecologia, voltado para camponeses e camponesas acompanhados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Alagoas. O tema estudado foi biofertilizantes, bioinseticidas e os Sistemas Agro Florestais (SAFs).

Com o objetivo de contribuir na compreensão das pessoas com o cuidado com a natureza e produzir alimentos sadios, gerando renda, o curso foi dividido em quatro módulos de 16 horas/aula neste ano de 2020, intercalando as partes teóricas, em ambiente fechado, e práticas, que acontecem na horta comunitária Novo Horizonte. Funcionários da horta comunitária também estão participando da iniciativa.

O primeiro módulo, com o tema “A Agricultura e o solo”, ocorreu nos dias 06 e 07 de outubro. Houve um primeiro momento com a apresentação do curso e dos envolvidos. Depois, a programação abordou a história da agricultura, as características e propriedades do solo e como preparar húmus da compostagem.

No segundo módulo, os participantes já compartilharam suas experiências de implementar o aprendizado nas comunidades. Na terça, foi feito o estudo sobre os “Bio” e atividade prática. Quarta-feira, assistiram vídeos sobre SAFs (Sistema agroflorestais) e aplicaram podas.

O exercício de podas nas laranjeiras serviu para diminuir a incidência de doenças e melhorar a produção. Para o professor Rafael Navas, que ministrou a oficina, a poda também foi necessária para facilitar a colheita, pois as plantas estavam muito grandes.

Após a poda, foi aplicada a calda bordalesa – um insumo agroecológico que ajuda no controle de doenças, e o insumo conhecido como água de vidro, que serve tanto para a adubação como para o controle de insetos.

Os dois biofertilizantes usados foram preparados durante a oficina. “Utilizamos insumos de fácil acesso, que normalmente os agricultores têm em casa”, disse Navas. Um “bio” é feito com cinzas, a cal virgem e o sulfato de cobre; outro, com esterco fresco, leite, caldo de cana e folhas de plantas espontâneas. De acordo com o professor, este último tem efeito tanto para a nutrição de planta quanto como um protetor biológico.

Na avaliação de Rafael, o interesse dos camponeses aumentou desde o início do curso: “A gente percebe que do primeiro módulo para esse que teve um interesse maior do pessoal até pela ideia do que foi tratado no primeiro, que foi a parte de manejo do solo, a importância da cobertura morta. Todos eles voltaram com relatos que aplicaram isso nas suas áreas, nos seus lotes, e como já perceberam a diferença na umidade do solo, na redução da necessidade de irrigação”.

Acostumado com o público acadêmico, o professor contou que a principal diferença entre orientar estudantes universitários e camponeses é que os camponeses têm a vivência do dia a dia. “Quando a gente mostra alguns pontos, eles conseguem visualizar o impacto que isso vai ter na sua produção. Então, quando replicam isso, imediatamente, enxergam o efeito prático dessa mudança”, relatou.

Segundo Rafael, na sala de aula, nem sempre o estudante, que está na área urbana, vai conseguir pegar o conteúdo trabalhado e aplicar isso imediatamente numa área de produção, enquanto os agricultores trazem a experiência e, ao mesmo tempo, muitas demandas, a exemplo da ocorrência de pragas e doenças. Durante o processo de busca de saberes, são apresentadas as dificuldades existentes no sistema de produção. “Isso é uma ferramenta para a gente trabalhar as próximas oficinas”, falou.

O próximo tema será “Do campo ao alimento”. A proposta, de acordo com o projeto, é apresentar e degustar as Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e saber mais sobre o beneficiamento de alimentos.

A realização é da CPT, em parceria com a Associação Amici di Joaquim Gomes, como parte do projeto “Sementes de hoje, frutos de amanhã”, e colaboração da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Além do professor, estudantes também têm marcado presença na iniciativa. Sobre essa troca de aprendizado, Rafael Navas disse:

“Eu acho que é uma parceria que só tem a somar. A Pastoral, junto com os agricultores, a Associação, que tem um espaço fantástico para a gente poder fazer essas oficinas, e a universidade colaborando com alguns pontos, se unem visões diferentes de todo processo - cada um dentro do seu universo de trabalho - mas que se completam quando a gente se junta. Cada um vem trazendo algo e levando algo em troca”.

 

 

Lara Tapety - Ascom CPT/AL

Fotos: Carlos Lima 

 

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