Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Funcionários de fazenda em Aurilândia marcaram o menino como se faz com o gado

A., um estudante de 9 anos de Aurilândia, a 150 quilômetros de Goiânia, vive, desde junho do ano passado, o trauma de uma agressão que ainda está marcada no corpo com as letras HL. Acostumado, como outros meninos de sua idade que moram em cidades do interior ou na roça, a aprender os ofícios do homem do campo, ele ajudava o lavrador João Taveira de Souza, de 55 anos, e o operador de máquinas Ronan Justino Alves, de 32, a marcar o gado de propriedade do fazendeiro Oliveira Luiz Silvestre, dono da Fazenda Acuri, quando os dois funcionários o marcaram a ferro, como se marca o gado.

No processo que corre na Vara Criminal do Fórum de Aurilândia, estão sendo processados por lesão corporal grave Ronan e João Taveira. Na ação indenizatória, que corre na Vara Cível, são processados os dois funcionários e o proprietário da fazenda.

O valor da indenização é de R$ 140.240,00. O valor foi estipulado pela Justiça, já que nos laudos de lesões corporais expedidos por um médico da cidade e por dois médicos legistas do Instituto Médico-Legal de Iporá, está atestado que a criança tem lesões permanentes nas nádegas.

Na segunda-feira, segundo informações dos funcionários do cartório criminal de Aurilândia, estava marcada uma audiência para instrução do processo, mas uma testemunha arrolada pela defesa não compareceu por problemas de saúde. Nova audiência foi marcada para o dia 16 de junho deste ano. No cartório Cível, em uma audiência ocorrida no dia 24 de março, houve tentativa de acordo, mas uma das partes não concordou. “Agora, o processo segue seu curso normal”, explicou o funcionário do cartório, explicando que não há data marcada para nova audiência.

Na casa simples, de um quarto, sala, uma pequena cozinha e banheiro, onde a dona de casa Tereza Maria da Cruz aguarda a volta do marido – ele está internado no Hospital Regional de São Luís dos Montes Belos com problemas cardíacos -, ela cuida de três, dos cinco filhos.

Tereza., muito simplória, disse que está magoada com os funcionários da fazenda onde o filho foi marcado a ferro. Ela confessa que não notou quando a criança chegou em casa com a queimadura. Foi a professora do filho, na Escola Municipal Branca de Neve, que notou que o menino estava com febre e que se queixava de dor. O menino foi levado para casa, onde mostrou aos pais a lesão e, encaminhado para a Delegacia da Polícia Civil de Iporá, onde foi registrada ocorrência

Lesão permanente na vítima

A criança contou no inquérito que foi agarrada pela cintura por João Taveira, que o levou até onde estava Ronan. “Ele disse que tinha de marcar mais um bezerrinho e me marcou. Gritei de dor”.

O promotor de Justiça Ricardo Lemos Guerra, em seu parecer no processo, descreve a cena ressaltando que Ronan usou instrumento para marcar gado em altíssima temperatura, causando deformidade permanente no garoto. Ronan e João Taveira não estavam na cidade ontem. De acordo com informações de moradores da pequena Aurilândia, que se orgulha de ser a capital mundial da guariroba, Ronan estaria trabalhando em outra cidade e João Taveira estaria internado em Goiânia, “tratando de um problema de depressão”, conta a mãe do menino, Tereza Maria.

Fonte: Jornal Popular - Rosana Melo de Aurilândia

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Rua Esperanto, 490, Ilha do Leite, CEP: 50070-390 – RECIFE – PE

Fone: (81) 3231-4445 E-mail: cpt@cptne2.org.br