Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cerca de 60 camponeses e camponesas de 12 comunidades acompanhadas pela CPT na Zona da Mata de Pernambuco e no Oeste do Rio Grande do Norte participaram de um intercâmbio de experiências sobre agricultura camponesa, agroecologia e r-existência. A atividade aconteceu entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro, no Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), localizado no município de Glória do Goitá (PE).

Texto e imagens: Setor de Comunicação da CPT NE2


O objetivo do encontro foi fortalecer a luta camponesa em defesa da produção agroecológica e incentivar a partilha de saberes entre famílias do campo que, mesmo vivendo em estados diferentes, enfrentam os mesmos desafios: a falta de reconhecimento e de investimentos em políticas públicas para a produção camponesa agroecológica, além das ameaças de grandes empreendimentos sobre suas terras, territórios e formas de produção. 

Durante a programação, os agricultores e agricultoras compartilharam experiências comunitárias agroecológicas, trocaram informações, apontaram desafios e refletiram sobre o contexto atual da luta camponesa. Os debates foram facilitados e acompanhados pelo professor Marcos Figueiredo, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). As falas dos agricultores e agricultoras presentes reforçaram o compromisso e a luta em defesa da agroecologia para além de uma forma de produção de alimentos e sim como um modelo de organização que rompe com os males causados pelo sistema capitalista no campo: “A gente vai construir a agroecologia sem racismo, sem violência, sem destruir as pessoas nem o meio ambiente, porque a agroecologia é além da vida, não é só o manejo da terra. A agroecologia é um poder imenso”, afirmou uma das agricultoras participantes do intercâmbio, vinda do Rio Grande do Norte.

 

Além dos debates, a programação do intercâmbio incluiu uma visita à comunidade Padre Tiago, em Moreno (PE), que vem implementando práticas coletivas de produção e um Sistema Agroflorestal Comunitário (SAF). O sistema foi construído por meio da Escola da Terra, uma experiência de formação popular que articula organização comunitária, leitura crítica da realidade e práticas agroecológicas e agroflorestais a partir do compartilhamento dos saberes camponeses. Maria do Carmo dos Anjos, conhecida como Dona Carminha, da comunidade Mariano Sales, em Aliança (PE), destacou o aprendizado que levará para sua roça, como novas formas de semear e de cultivar a terra. “Aprendi novas formas de semear e de cultivar a terra que eu não conhecia. Foi muito bom ter aprendizados novos e conhecer histórias diferentes”, destacou.

No intercâmbio, as mulheres camponesas presentes também participaram de um espaço dedicado à partilha de vivências e à construção de caminhos para a organização e o fortalecimento de grupos de mulheres nas comunidades. “A gente vê que muitas de nós não se abrem, não dizem o que pensam ou sentem. Então, quando tem esses espaços, a gente ganha coragem para falar sobre a realidade da nossa vida”, afirmou Angelita Soares do Vale, agricultora e assalariada rural do Rio Grande do Norte. 

 

   

“O intercâmbio foi muito gratificante pra mim, pois voltei pra casa com mais vontade ainda de cuidar de tudo que já venho fazendo. Isso nos fortalece muito mais. Peço a Deus que me dê forças e saúde para que esse trabalho siga sendo importante, não só para garantir renda, mas também alimento saudável para minha família e comunidade”, destacou Maria Rita Borges, do assentamento Terra de Esperança, no Rio Grande do Norte.

A atividade contou ainda com a presença de Victória Perino e Ulisses Nascimento, representantes da Oxfam Brasil, organização parceira da CPT em ações de fortalecimento da agroecologia e da luta pela terra e pelo território.

 

 

 

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