Atualmente, os trabalhadores e trabalhadoras que têm vínculo empregatício conforme às normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) podem ser submetidos ao regime de trabalho 6x1. Esse regime consiste em um dia de folga após seis dias consecutivos de trabalho (44 horas semanais), e não considera a qualidade de vida do trabalhador e trabalhadora que vive com essa rotina insustentável.
Fonte: Júlia Nazário/Fetape
No fim do ano de 2024, o fim da escala 6x1 foi amplamente debatido após a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) elaborar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa reduzir a jornada de trabalho para 36 horas semanais, ou seja, 4 dias por semana. Apoiada por 171 deputados e deputadas, a PEC foi protocolada na Câmara dos Deputados e vai ser tramitada.
Entre a população, o fim da escala 6x1 é muito bem aceita: a aprovação chega a 65%, segundo pesquisa feita pela Nexus Pesquisa e Inteligência. Esse sistema priva a classe trabalhadora de investir tempo em seu próprio aperfeiçoamento profissional, reforçando a manutenção do poder que os empregadores têm sobre os empregados. O trabalhador e trabalhadora do Brasil não tolera mais jornadas de trabalho exaustivas, horas extras não remuneradas e principalmente: não toleram mais viver pelo trabalho.
A previsão é que o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora seja marcado por manifestações e atos de rua por todo país, reunindo todos os setores. No último dia 29, em Brasília, foi realizada a Marcha da Classe Trabalhadora, onde representantes de diversas centrais sindicais se reuniram para entregar a Pauta da Classe Trabalhadora para o Governo Federal.
Na capital pernambucana, a CUT-PE mobilizou trabalhadores e trabalhadoras na tarde do dia 30, reforçando ainda mais o compromisso da central com a pauta do fim da escala 6x1 e a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais. A vice-presidenta da CUT-PE, e trabalhadora rural, Uedislaine Santana, reforça a importância dos agricultores e agricultoras familiares se somarem à luta.
“Além de marchamos contra o agronegócio, também podemos nos mobilizarmos para defender trabalhadores e trabalhadoras que pertencem a outras categorias, que precisam da nossa força assim como precisam do nosso alimento.” disse Uedislaine.
A Fetaepe está, há 9 anos, articulando políticas públicas para promover a qualidade de vida dos assalariados e assalariadas rurais. A presidenta da entidade e coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres Assalariadas Rurais, Cristiana Andrade, reafirma o compromisso da federação com a promoção desse debate entre seu público.
“No trabalho no campo, envolve uma série de fatores sociais, climáticos, de deslocamento para o local de trabalho e de esforço físico. A Fetaepe se posiciona a favor do fim da escala 6x1 porque entende a necessidade de ouvirmos os nossos trabalhadores e as nossas trabalhadoras nas suas necessidades e nas suas dificuldades do dia a dia. Por isso, discutimos sempre esse tema para entender qual a visão que os assalariados e assalariadas rurais têm e como podemos somar às vozes de todos e todas pela adoção de uma escala de trabalho justa e saudável.” disse a presidenta Cristiana Andrade.