Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Cuidar da Mãe Terra e de cada cantinho do planeta maltratado por um sistema que só degrada, mata e lucra. Essa lição está sendo levada a sério por crianças camponesas acompanhadas pela CPT nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Nesse mês de outubro, os pequenos e pequenas realizaram plantios de árvores e mudas nas comunidades em que vivem.  

A ação faz parte da Campanha #RaízesParaOFuturo, promovida pela entidade católica DKA Áustria e organizações parceiras, entre elas, a CPT. A campanha vai até 20 de novembro, Dia Internacional dos Direitos da Criança, além do Dia da Consciência Negra no Brasil. O objetivo é que crianças e jovens de várias partes do mundo se expressem a respeito da proteção ambiental, tornando claro que o seu bem estar está inseparavelmente ligado a um meio ambiente saudável e preservado. Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, que ainda não está́ controlada no país, as atividades foram realizadas em família ou sem aglomeração, com atenção aos cuidados necessários e recomendações das autoridades sanitárias, como medição de temperatura, higienização com álcool 70%, distanciamento social, entre outras medidas de proteção.  

No dia 11 de outubro, em Alagoas, a CPT realizou atividade recreativa e educativa com crianças das comunidades dos acampamentos Bota Velha, Santa Cruz e Mumbuca, localizados no município de Murici, Zona da Mata alagoana. Aproximadamente 40 crianças celebraram, brincaram e plantaram 20 mudas de árvores pau-brasil, ingá, mangueira, abacate, entre outras espécies. “Estou plantando para criar frutos para comer, para nós crescermos saudáveis, para vender os frutos e ganhar um dinheirinho. É isso! A fruta é sagrada, o pé, a natureza...”, disse o menino Edgar Ferreira, nove anos.  Já Pedro Miguel, 9 anos, falou que planta para ter sombra, proteger-se do sol e descansar embaixo da árvore. A atividade foi encerrada com um almoço coletivo na comunidade de Bota Velha, acampamento que resiste há mais de 20 anos a ameaças de despejo.  

Foto: Carlos Lima/CPT AL

 

Na Paraíba, pessoas de várias partes do estado se envolveram nessa ação em defesa do meio ambiente e contra o avanço da devastação ambiental. No Litoral Sul, crianças e jovens da comunidade camponesa Marinas do Abiaí participaram de uma trilha ecológica e realizaram plantações de mudas de espécies nativas em uma das áreas preservadas na comunidade. Além disso, as crianças também fizeram o trato cultural de outras espécies já plantadas no local. Na comunidade camponesa de Acauã, em Aparecida, sertão do estado, um grupo de meninos e meninas plantou 200 espécies  nativas e frutíferas, oriundas de um viveiro de mudas organizado pelos jovens. “Esse foi um bonito gesto feito em conjunto com as crianças para cuidar da terra, da vida e do futuro”, comenta Cecília de Andrade, agente pastoral e coordenadora da CPT Nordeste 2. Além da plantação, Cecília destaca que a ação, ocorrida em 14 de outubro, foi também de reflexão acerca da preservação da natureza. A região está localizada numa área cujo bioma é a caatinga, um dos mais afetados pelo avanço de grandes empreendimentos do setor energético. “As crianças e os adolescentes estão nos ensinando a cuidar da região e do planeta”, conclui Cecília.  

Já no dia 16 de outubro, cinquenta mudas de árvores frutíferas e de plantas ornamentais foram entregues a crianças das comunidades dos assentamentos Redenção, em Pilões, e de Nossa Senhora das Graças, em Bananeiras, na Diocese de Guarabira. Cada criança camponesa levou uma muda para plantar no quintal da casa. A distribuição foi realizada pela CPT e contou com a parceria da Pastoral da Criança, da Associação Comunitária do Assentamento Nossa Senhora das Graças e da Associação de Formação e Incentivo para o Nordeste Karente (AFINK). A entidade tem distribuído por todo o estado da Paraíba mudas de diversas espécies contribuindo com a preservação ambiental. “Plantar árvores com crianças e adolescentes é garantir uma nova consciência ecológica em busca de uma nova sociedade. É um grande gesto de amor e de conexão com a Casa Comum e possibilita que tenhamos um presente e um futuro em que a Vida e a Criação sejam respeitadas”, acredita Joseane Souza, agente da CPT na Diocese de Guarabira.  

Foto: Equipe CPT Guarabira/PB

No estado de Pernambuco, um grupo de crianças plantou mudas de espécies nativas na comunidade em que vivem, Fervedouro, no município de Jaqueira, Mata Sul do estado. Formada por antigos/as posseiros/as, a comunidade vem sofrendo ameaças de expulsão e violências promovidas por empresários que exploram economicamente a região. A plantação das mudas ocorreu no dia 12 de outubro, quando a comunidade celebrou o dia das crianças com muita consciência, união e diversão, respeitando o distanciamento social e as medidas de segurança recomendadas pelas autoridades de saúde. Geovani Leão, agente pastoral, destacou que, por meio de iniciativas como essa, crianças e jovens estreitam a relação com a natureza e também fortalecem os laços comunitários, principalmente em momentos de tensão e conflitos no campo. As mudas fincadas na terra representam esperança para essas famílias marcadas pela violência e pela ganância das elites latifundiárias da região. No Sertão do estado, participaram da Campanha crianças e jovens de Varzinha dos Quilombolas e da comunidade Socorro, em Iguaraci. No quilombo de Varzinha, os meninos e meninas colheram mudas de plantas medicinais de seus quintais e implementaram uma farmácia viva na comunidade. A ação, ocorrida também no dia 12, fez parte da programação da campanha local “Eu sou feliz na comunidade” que arrecadou brinquedos e roupas para crianças da região. Sobre a atividade, a educadora popular Rosana Bevenuto destaca a alegria e a empolgação dos meninos e meninas para cuidar da natureza e do local em que vivem, assumindo o protagonismo e atuando de modo ativo para fortalecer a cultura e os valores da comunidade quilombola.  

No Rio Grande do Norte, no dia 15 de outubro, crianças da comunidade Arthur Sabino, no município de Assu, plantaram 70 mudas de árvores frutíferas como manga, acerola, graviola, pinha, carambola, cajarana, goiaba, caju e laranja. A região é marcada pelo avanço de grandes empresas da fruticultura irrigada, as quais são frequentemente denunciadas pelo uso extensivo de agrotóxicos e pela contaminação de fontes de água e de solo. As mudas plantadas pelas crianças ecoam, portanto, como um grito forte e urgente em defesa da natureza e da agroecologia. Quando estiverem mais crescidas, os pequenos camponeses poderão colher e saborear frutos sadios, que nascerão desse gesto de cuidado com a Mãe Terra. Para Hilberlândia de Andrade, agente pastoral da CPT no estado, o momento também chamou a atenção para a necessidade de envolver as crianças na vida, nas atividades e nas decisões da comunidade. “As crianças participaram de modo ativo dessa ação, plantando as mudas, celebrando, cantando, recitando poesias e reconhecendo a importância das plantas para a vida, para a comunidade, para o planeta Terra”.  

 

A Campanha Raízes Para o Futuro continua até́ o dia 20 de novembro. Até lá, novas ações com crianças e jovens de comunidades acompanhadas pela CPT Nordeste 2 estão sendo planejadas. Mais árvores e mudas serão fincadas na terra pela infância camponesa para mostrar que a luta em defesa da Vida e do futuro da Casa Comum já começou e está enraizada nos povos da Terra, das Águas e das Florestas. 

 

Confira mais imagens:

 

Fotos: Geovani Leão - CPT Mata Sul PE

 

 Foto: Equipe CPT Pajeú/PE

 

Fotos: Carlos Lima / CPT AL

 

Fotos: José Carlos e Nilton Junior/ CPT RN

 

Fotos: CPT Equipe Guarabira/PB

 

Fotos: Francisco Jossean/ CPT PB.

 

Fotos: CPT João Pessoa/PB.

 

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