Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

“Se a gente tivesse uma feira dessa todo mês seria muito bom”. As palavras de Valmir, trabalhador rural, morador do assentamento Ismael Filipe, no Engenho Prado, representa o sentimento final de muita gente que participou na última semana da I Feira Estadual da Reforma Agrária e da Cultura Camponesa, organizada pela Comissão Pastoral da Terra. Durante três dias, trabalhadoras e trabalhadores rurais, de acampamentos e assentamentos da reforma agrária de quase todo o estado de Pernambuco, fizeram do campus da Universidade Federal de Pernambuco um grande palco da cultura camponesa. Foram 45 barracas, e mais de cinqüenta produtos comercializados. Batata doce, doce de batata doce, macaxeira, jerimum, coco, doce de mamão com coco, castanha, flores, vasos, bolsas, fava, laranja. Vários produtos da reforma agrária e da agricultura camponesa chegaram às casas de aproximadamente quinhentas pessoas que passaram pela feira. A empregada doméstica Maria de Fátima, 49 anos, que costuma fazer a feira da casa onde trabalha, na Várzea, achou os produtos da feira de excelente qualidade. “Gostei muito dos produtos e dos preços. E além de a gente comprar coisa boa, a gente está ajudando, não é? Outra moradora da Várzea, Silvana Marta da Silva, ficou sabendo da feira através da filha que estuda na UFPE e que foi ver a apresentação da banda de Pífano da Comunidade Quilombola Leitão, durante a feira. Silvana acha que a feira deveria ter uma periodicidade maior e ser divulgada nos bairros próximos. “O preço aqui é excelente, o produto é natural, sem agrotóxico, e o ponto da feira é ótimo”. Para os trabalhadores e trabalhadoras rurais a periodicidade da feira também seria importante. A agricultora Maria Luiza, de 39 anos, assentada do Engenho Tóquio em Tracunhaém, achou que a feira foi boa, mas que pode ficar melhor com o tempo, quando as pessoas forem conhecendo os produtos. Na avaliação da Comissão Pastoral da Terra, a feira conseguiu alcançar seu objetivo, além de divulgar os produtos da reforma agrária discutir com a sociedade, especialmente, com a comunidade acadêmica, alternativas para o desenvolvimento do campo e novas estratégias de luta para a reforma agrária. Para Plácido Júnior, da CPT, a troca de experiências e de idéias entre os agricultores e agricultoras e as pessoas que circularam na feira foi muito produtiva. “As pessoas cobraram uma maior periodicidade da feira, deram idéias de novos produtos, interagiam com os feirantes e falaram sobre a importância dos produtos orgânicos e da agroecologia. Isso para nós faz parte da vitória da reforma agrária”, completa Júnior. Encerramento A atividade de encerramento da feira foi uma mesa redonda sobre desafios e perspectivas para a reforma agrária em Pernambuco. Participaram da atividade, além de Plácido Júnior da CPT, Alexandre Conceição do MST, Júnior da Fetraf (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar em Pernambuco) e Bruno Maranhão do MLST. Apesar das avaliações pouco otimistas em relação à realização da reforma agrária pelos governos eleitos, foi unânime a importância de se fortalecer a luta no campo e de desenvolver uma aliança campo-cidade para uma rearticulação dos movimentos sociais. As políticas do governo federal de investimento no agronegócio, de expansão da cana-de-açúcar – sob o falso argumento de investimento em combustível limpo - e de transposição do Rio São Francisco, atrelado a insistente inoperância do Incra, são os grandes entraves para a reforma agrária. Mariana Martins Assessoria de Comunicação 81- 99133293

 

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