Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

\"\"O governo federal prepara a criação de um fundo garantidor para o agronegócio, a exemplo de medida adotada recentemente para estimular o crédito a micro e pequenas empresas.
A ideia é que o Banco do Brasil, que tem tradição na concessão de crédito rural, seja o gestor do fundo. O valor, ainda em estudo, oscila entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões.
Os ruralistas alegam que a crise internacional e as dívidas agrícolas acumuladas nos últimos anos frearam novos empréstimos bancários. Assim, o fundo entraria como uma espécie de avalista para os produtores endividados.  Banco do Brasil, que tem tradição no crédito ao setor, deve ser gestor de novo fundo; PIB agrícola recuou 2,26% com a crise

Medida faz parte dos planos do governo para reaquecer a economia do país e chegar com mais força à eleição presidencial do próximo ano
Folha de S. Paulo, 21-06-09
KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta surgiu após pleito da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a ministros da área econômica. Presidente da CNA, a senadora oposicionista Kátia Abreu (DEM-TO) apresentou a proposta aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A senadora tem boa relação com o comandante do BC.
O governo ficou preocupado com a queda do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio no primeiro trimestre deste ano. Houve redução de 0,5% em relação ao mesmo período de 2008 -nessa mesma comparação, o PIB geral recuou 1,8%. Desde o início da crise, em outubro de 2008 (quando a quebra do banco americano Lehman Brothers congelou o mercado de crédito no mundo todo), o setor do agronegócio acumula perda de 2,26%.

Eleições
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deu o aval para a criação do fundo. Preocupado em obter uma taxa positiva do PIB nacional neste ano, o presidente tem estimulado medidas que possam aquecer a economia.
Para Lula, é questão de honra evitar PIB zero ou negativo. Ele deseja ter discurso contra a oposição para chegar a 2010 com argumentos que lhe permitam defender o seu governo e a eventual candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência.
O fundo garantiria empréstimos ao setor de agronegócio. Na visão do governo, não há pressão inflacionária à vista por parte dos alimentos. A medida seria uma forma de incentivar a safra de 2009/2010 e de evitar aumento no preço dos alimentos.
Na prática, oferecer uma oportunidade de recursos aos agricultores neste momento é uma forma de colher uma safra volumosa no ano eleitoral, evitando tensões no setor e reduzindo pressão sobre os preços.
"Se a empresa ou o agricultor não tiver limite no banco, o fundo funcionaria como um avalista, um reforço para o banco liberar o dinheiro e garantir a capitalização da agropecuária", disse o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), um dos líderes da bancada ruralista no Congresso.

Novos financiamentos
Nessa relação com os bancos, outra preocupação dos ruralistas é com o grau de risco dos produtores endividados.
Eles querem que, em reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) prevista para ocorrer nesta semana, o nível de classificação desses produtores (com dívidas atrasadas ou renegociadas) não seja um empecilho para a captura de novos financiamentos.
Amanhã, na cidade paranaense de Londrina, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e o presidente Lula anunciam o Plano Agrícola Pecuário 2009/2010. O montante em créditos para o período será de R$ 93 bilhões, sendo R$ 12,3 bilhões para capital de giro das agroindústrias.
Com o objetivo de ajudar a agricultura, o governo Lula, a exemplo de administrações anteriores, já renegociou dívidas dos produtores agrícolas.

 

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