Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A decisão do governo federal de acelerar o ritmo das desapropriações de terras para a reforma agrária foi recebida com desconfiança pelos sem-terra. Segundo João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), embora o governo faça estardalhaço em torno da quantidade de terras improdutivas desapropriadas, o seu principal meio de levar adiante a reforma tem sido a compra de terras.

“O governo vem gastando mais de um bilhão por ano em compras à vista”, afirmou Stedile. “Isso é um prêmio ao latifúndio. Já as desapropriações, que estavam na faixa de um milhão de hectares por ano, caíram para 200 mil. Ridículo.”

Para o diretor de política agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Paulo Caralo, as compras estariam sobrevalorizando a terra em algumas regiões do País. Tanto Stedile quanto Caralo querem que o governo altere os índices de produtividade rural, em vigor desde 1975 - o que permitiria aumentar as desapropriações. “O governo teme a bancada ruralista”, disse Caralo.

Na reportagem do Estado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, informou que só em janeiro e fevereiro o governo desapropriará 255 mil hectares - volume superior às desapropriações do ano passado, de 207 mil hectares.

Na opinião de Stedile, o governo não vê a reforma como parte de um projeto de mudança da estrutura fundiária. “O total de 200 mil hectares arrecadado no ano passado é menor que os 500 mil hectares que o banqueiro Daniel Dantas, com seu Opportunity, comprou no Pará”, observou. “O que está em curso é uma política de compensação social, que não tira os camponeses da pobreza.”

Por outras razões, o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, também criticou a decisão de acelerar as desapropriações. “É lamentável que o governo insista nesse projeto de reforma agrária incapaz de promover o bem-estar social. O pior é que somos nós, produtores e contribuintes, que pagamos a conta do fracasso.”

Estodo de S. Paulo, 07/02/08

 

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