Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Pressionado pelos produtos agrícolas, que tiveram alta de 5,78% no atacado neste mês, o IGP-10 (Índice Geral de Preços) da Fundação Getulio Vargas mostrou aumento de 1,59% nos preços em dezembro. No acumulado do ano, o índice avançou 7,38%. Essa foi a maior alta desde 2004, período em que o IGP-10 subiu 12,4%.

O índice mede a variação dos preços ao consumidor, no atacado e na construção civil em sete capitais, de 11 de novembro a 10 de dezembro. Entre os destaques na alta de alimentos, o IPA (Índice de Preços por Atacado), que também compõe o IGP-10, mostrou que os produtos agrícolas avançaram 22,23% no ano, ao passo que os preços dos produtos industriais subiram 4,09%.

Salomão Quadros, coordenador de análise econômica da FGV, diz que a inflação dos alimentos é boa do ponto de vista de geração de receita cambial, já que o Brasil é exportador de commodities, como a soja e a carne, que estão com preços elevados. O especialista lembra, entretanto, que, sob o ponto de vista da pressão sob a inflação, o fenômeno é negativo.

Para o consumidor, no IGP-10 os alimentos subiram mais que o dobro da inflação neste ano. O grupo teve alta de 9,66%, enquanto a média foi de 4,61%.

Heron do Carmo, professor da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da Universidade de São Paulo, analisa que, se os preços dos alimentos tivessem subido o mesmo que no ano passado, a inflação de 2007 seria igual ou menor que a de 2006.

Segundo os especialistas, o consumidor ainda terá que conviver com a alta no preço dos alimentos no ano que vem.

Quadros prevê que, em 2008, o Brasil registre recorde na produção de grãos, mas diz que a curto prazo não deve haver barateamento dos alimentos. Como explicação para a alta, Quadros aponta o crescimento da demanda mundial e a concorrência do cultivo voltado para a produção de combustíveis. Heron do Carmo pondera que, apesar de elevados, os preços dos alimentos devem diminuir a pressão sobre a inflação. "Tudo indica que no próximo ano os preços dos alimentos estarão elevados, mas não subindo no mesmo ritmo. E inflação é variação de preço, não é se o produto é caro ou barato."

Baixa renda

Ontem, a FAO -agência da ONU (Organização das Nações Unidos) para agricultura e alimentação- divulgou nota em que pede aos governos medidas urgentes para proteger os países pobres da "alta dramática no preço dos alimentos".

Sobre o impacto da alta nos preços dos alimentos na renda dos mais pobres, Quadros aponta que, como o peso dos gastos com comida é maior para essas pessoas, caso fosse feito um cálculo dando mais força aos gastos com alimentos, a inflação para as famílias pobres em 2007 seria maior.

Carmo, no entanto, ameniza o impacto e diz que a população pobre tem instrumentos para lidar com a subida de preços. Ele afirma que as famílias tendem a diminuir ou racionalizar o consumo dos itens com preço alto ou substituir a compra.

Por, VERENA FORNETTI,COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULO, 18/12/07.

 

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