Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Por volta das cinco horas da manhã de hoje (26), três indígenas Xukuru foram presos por agentes da Polícia Federal em Pesqueira, agreste de Pernambuco, onde está encravado o território tradicional do Povo Xukuru.

As notícias informam que os agentes da Polícia Federal prenderam RINALDO FEITOZA VIEIRA em sua residência e, em seguida, percorreram outras aldeias aonde prenderam ALEXSANDRO e um outro indígena cujo nome desconhecemos.

Até este momento (19 horas, dia 26/10) as circunstâncias das prisões e as razões que as justificam são desconhecidas, inclusive dos familiares, que afirmaram não terem sido informados quanto aos motivos das mesmas, e o local para onde seriam conduzidos.

Agentes da Polícia Federal afirmaram que as prisões foram efetivadas com base em mandados de prisão outorgados pela Dra. Ivana Mafra, juíza federal, e que todos seriam conduzidos para a cidade de Caruaru. Não há, todavia, informação quanto à natureza das prisões – se temporária, preventiva, etc., o que implica em não se saber para onde os indígenas foram levados.

Membros da comunidade informaram que a polícia ainda continua na área vasculhando as casas das lideranças e de outros indígenas, e um helicóptero está sobrevoando o território, causando um clima de muita tensão, porque todos continuam sem saber as razões daquela operação policial, e além de temerem pelo que possa vir a acontecer durante a madrugada.

As organizações de defesa dos direitos humanos no estado estão atônitas e indignadas com toda essa situação, inclusive porque um dos indígenas presos – Rinaldo Feitoza - é uma das lideranças tradicionais do Povo Xukuru, nunca se recusou a contribuir com o sistema de justiça e segurança, e, pela forma como faz a gestão de sua aldeia, é liderança que goza de grande respeito e autoridade na comunidade.

Em decorrência de sua incansável luta pela defesa de suas terras, confrontando-se diretamente com o poder do latifúndio na região, o povo Xukuru tem sido vítima de uma forte estratégia de criminalização de suas lideranças. Em decorrência disso, mais de 100 indígenas respondem a processos criminais, enquanto os seus agressores permanecem impunes.

NÃO DEFENDEMOS A IMPUNIDADE E NÃO COMUNGAREMOS COM A CRIMINALIZAÇÃO DOS DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS NESTE ESTADO. Exigimos que os princípios constitucionais sejam respeitados e que sejam esclarecidas as razões das prisões, restabelecendo-se os direitos humanos dos indígenas presos e do Povo Xukuru.

Recife (PE), 26 de outubro de 2007.

MOVIMENTO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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