Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Quatro mil crianças sem-terra, entre 7 e 14 anos, reivindicaram melhorias na educação no campo, ontem, durante passeata pela área central do Recife e um encontro com o governador Eduardo Campos, no Palácio do Campo das Princesas.

Em diversos depoimentos, os sem-terrinha relataram as dificuldades que enfrentam para estudar porque não possuem a infra-estrutura mínima necessária.

Faltam professores, escolas, cadeiras, livros, quadras de esporte, transporte e até merenda. “Somos gente e precisamos de atenção. O lanche que nos oferecem é tão ruim que não dá nem para engolir. Quase sempre temos que sair de onde moramos porque não existe escola para as séries que estudamos. Faltam bancas, o chão e o teto das escolas são esburacados, sem falar que, às vezes, andamos mais de meia-hora para conseguir estudar”, afirmou Natália Gonçalves, 12 anos, moradora do assentamento Patativa do Assaré, em Ouricuri, no Sertão do Estado. Ela foi uma das inúmeras crianças que relataram as péssimas condições de aprendizado no campo.

Durante o encontro com o governador, dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) mostraram o quadro da educação para as 130 mil crianças do MST. “Temos muitas deficiências no ensino fundamental II (da 5ª a 8ª série). Possuímos apenas dez escolas que atendem aos alunos nessa fase. No caso do ensino fundamental I (da 1ª a 4ª série), a situação é melhor porque atendemos 98% das nossas crianças. Mas a situação das escolas é péssima”, explicou Rubineuza de Souza, coordenadora do setor de educação do MST.

Depois de ouvir as reclamações e reivindicações dos sem-terrinha, o governador Eduardo Campos agendou para o dia 12 de novembro uma reunião na qual será apresentado um levantamento de todas as necessidades educacionais dos assentamentos e acampamentos do MST. O mapeamento será feito pelos integrantes do movimento, técnicos da Secretaria Estadual de Educação, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). “Conheço de perto as dificuldades relatadas e muitos desses acampamentos e assentamentos. Por isso, defini a data para a apresentação do levantamento. De posse do material, vamos ver o que é possível ser feito pelo Estado”, afirmou Eduardo Campos.

Publicado em 12.10.2007, Jornal do Commercio, Recife.

 

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