Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Depois de 44 dias presos, nesta segunda-feira, a justiça do Pará concedeu liminar libertando os trabalhadores atingidos pela Barragem de Tucurui

Depois de muita pressão e uma grande demonstração de solidariedade aos quatro trabalhadores presos, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará concedeu hoje, dia 8 de junho, habeas corpus aos atingidos pela Barragem de Tucurui, que estavam presos desde o dia 26 de abril. Após os trâmites do processo judicial, que pode demorar algumas horas, finalmente eles poderão deixar o presídio e voltar para suas casas.

Os trabalhadores foram presos enquanto estavam mobilizados para reivindicar seus direitos violados há 25 anos com a construção da Usina Hidrelétrica de Tucurui. Ao todo, 18 camponeses foram presos em Belém, no Pará, no dia 26 de abril. No dia 15 de maio, 14 deles foram libertados. No entanto, quatro (três homens e uma mulher) continuaram presos até a data de hoje, sob a justificativa de que são lideranças de movimentos sociais. Isso confirma a denúncia de que as prisões são de ordem política e a tentativa de criminalizar quem luta por justiça.

Este fato teve sua origem na luta dos atingidos pela barragem de Tucurui, que há 25 anos reivindicam seus direitos. Em todo este período, as grandes multinacionais, como a Alcoa e a Vale, foram e continuam sendo beneficiadas com subsídios no consumo da energia gerada nesta usina. Elas pagam em média R$ 0,05 (cinco centavos) o Kilowatt/hora, enquanto o povo brasileiro paga em média 50 centavos pelo mesmo Kilowat/hora. A liberdade dos 18 atingidos é fruto de uma grande ação de solidariedade que pressionou as autoridades responsáveis na certeza que a luta destes trabalhadores é justa e legítima, destaca a coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens.

 

 

Nota de Agradecimento:


Dos Rios do Brasil, Junho de 2009

AGRADECEMOS,

Através desta vimos agradecer vosso apoio e solidariedade prestada por ocasião das prisões dos atingid@s por barragens de Tucuruí, Estado do Pará.

Foram 18 atingidos por barragens presos durante um acampamento nas eclusas da Barragem de Tucuruí. Os últimos 4 que ficaram 45 dias tolhidos de sua liberdade eram lideranças da região, o que prova o caráter político das prisões. Ontem (08/06), a justiça concedeu liberdade provisoria a esses presos, eles estarão livres nesta semana.

Este povo luta há mais de 25 anos por seus direitos, vítimas desta obra que consideramos em todos os sentidos um péssimo exemplo de obra pública. A barragem foi construída durante o período da ditadura militar e cometeu crimes de todo tipo contra o povo e contra o meio ambiente desta região amazônica.

O fruto da barragem, sua energia, serve desde então, principalmente, para atender as grandes empresas que retiram minerais e exportam, e tem para isto a energia subsidiada. Assim todo o povo brasileiro pagou para fazer a obra e agora paga para que as empresas multinacionais ( Vale e Alcoa ) ganhem muito dinheiro retirando os minérios do país e recebendo energia a R$ 0,05 por kW/h/mês.

Muitas famílias em Tucuruí não têm luz ou tem que pagar até dez vezes mais, quase R$ 0,50 pelo mesmo kW/h/mês.

Por tudo isto os atingidos protestavam.  Cometeram o crime de denunciar. Cometeram o crime de exigir do Estado dinheiro para uma cooperativa ter gelo para conservar os peixes que pescam. Cometeram o crime de lutar pelos direitos dos atingidos.

Nossos companheiros e companheiras foram presos, presos políticos, mas nossa luta está livre e será vitoriosa.

Abraços e obrigado a tod@s que nos apoiaram neste momento difícil.

AGUA E ENERGIA NÃO SÃO MERCADORIAS!

Coordenação Nacional do MAB

 

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