
“Queremos que o Incra retome a área e construa junto com os trabalhadores assentados e com os movimentos sociais um centro de experimentos para o desenvolvimento de sementes nativas da região, com o apoio dos prefeitos”, afirma Itelvina Masioli, da direção nacional do MST.
O assentamento é formado por 60 famílias e foi conquistado há 10 anos, a partir da mobilização do MST. Com o avanço do agronegócio e da monocultura da soja na região, a área passou a ser cobiçada pelo agronegócio por ter clima favorável ao plantio.
O processo começou com a denúncia apresentada pelo MST e por outros movimentos sociais à superintendência regional do Incra, ao presidente nacional, Rolf Hackbart, e ao Ministério Público. “A ação do Incra foi uma boa notícia, resultado da nossa articulação”, afirma Itelvina.
Com a denúncia, os planos da Monsanto de se estabelecer no lote, avançar sobre outras áreas da Reforma Agrária e tomar o assentamento foram por água abaixo. Segundo a dirigente do MST, a estratégia da empresa comprova que a agronegócio está disputando terras com trabalhadores rurais Sem Terra e avançando até sobre assentamentos, causando a reconcentração de terras.
“A atitude da Monsanto está dentro da nossa análise da disputa geral de terras. A crise na agricultura e a falta de incentivo do governo federal para os camponeses abrem espaço para que as empresas façam pressão para comprar áreas de assentados”, avalia Itelvina.
A coação sobre assentados e a compra de áreas da Reforma Agrária por grandes empresas não é um caso isolado no Mato Grosso. A empresa de mineração Onça Puma, de propriedade da Vale, comprou lotes de 83 famílias, nos assentamentos Campos Altos e Tucumã, nos municípios de Ourilândia do Norte, Tucumã e São Félix do Xingu, próximas das jazidas de Níquel, localizadas nas serras Onça e Puma, e proibiu as famílias de permanecerem na área.
Fonte: Sítio do MST