Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Nesta segunda-feira, dia 17, o Dom Frei Luiz Flávio Cappio completa 20 dias sem se alimentar e passa a ser acompanhado diariamente por um médico. Ele tem apresentado alterações físicas e demonstra fragilidade orgânica, mas mantém a determinação de permanecer em jejum. Desde o início da greve de fome, Cappio perdeu oito quilos. As manifestações em solidariedade ao bispo serão intensificadas a partir de hoje, com vigílias locais e nacionais.

No dia 27 de novembro o frei Luiz passou a ingerir apenas água, passados pouco mais de uma semana ele começou a beber a média de 3,4 litros por dia de soro caseiro – uma porção de sal e duas de açúcar para cada medida de água. Desde então ele tem sido acompanhado por uma enfermeira.

Dom Luiz apresenta um quadro de hipotensão, em determinados momentos ele tem fortes quedas na pressão. Além disso, as bactérias que deveriam agir no processo digestivo, não encontram ambiente favorável ao trabalho no estômago e passam para outras partes do corpo, podendo causar algum tipo de mal estar.

Todavia, ele afirma se sentir “mentalmente e espiritualmente forte”. Para atenuar algumas reações, o frei tem feito escalda pés diários, assim como outros procedimentos para equilibrar pressão e funcionamento do organismo.

A presença do médico de confiança é entendida pelos familiares, amigos e outras pessoas que acompanham, como fundamental para desenhar a evolução do processo. Dom Luiz concorda com a recomendação e a partir de hoje o frei Klaus Finkam, especialista em terapia com jejum, fará a supervisão diária, emitindo inclusive boletins médicos. Na semana passada ele chegou a visitar o bispo e constatou um quadro equilibrado.

Frei Cappio vem mantendo a rotina de orações individuais e coletivas, o atendimento às pessoas, grupo e caravanas que costumam visitar e participar dos momentos de celebração. Durante as missas diárias, ele apenas dá a benção inicial e final, o momento é presidido por outros padres.

Dom Luiz mantém o jejum até que a transposição de águas do rio São Francisco esteja paralisada definitivamente e as tropas do exército tenham sido retiradas das obras na área da tomada de água dos eixos norte e leste do projeto.

Vigília e jejum nacional

O apoio à luta ganhou grandes proporções e adesões em todo o Brasil e em outros países. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), as organizações sociais e movimentos populares que formam a Via Campesina e outras entidades da sociedade civil fazem hoje o dia nacional de mobilização e jejuns solidários.

Em Brasília (DF) o ato acontece com representantes da Bacia do São Francisco, eles devem se manter em vigília, inclusive com a participação de artistas. Em Porto Alegre (RS) estão previstos ato público na Praça da Matriz e celebração na Capela da Assembléia Legislativa. Em Belo Horizonte (MG), as atividades acontecem amanhã (18).

Na Bahia, as atividades iniciariam no final de semana. No Município de Bom Jesus da Lapa, a vigília aconteceu sábado e domingo. Em Salvador, começou no sábado e já conseguiu reunir mais de três mil pessoas. A atividade não tem data para terminar e acontecem celebrações três vezes por dia, intercaladas com apresentações culturais.

O movimento de jejum solidário teve início no dia 30 de novembro, a partir do sócio-educador Marcos Arruda (Políticas Alternativas para o Cone Sul). Aos poucos ganhou adesão em diversos lugares do Rio de Janeiro e da Bahia, em outros estados como Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Ceará, Paraíba, Pernambuco, além de outros países – Alemanha e Áustria.

Até hoje, mais de 200 pessoas aderiram ao movimento. Comumente elas costumam permanecer de um a dois dias ingerindo apenas água. Durante a terça e quarta-feira (18 e 19), na Capela São Francisco, em Sobradinho (BA), onde o frei Luiz permanece, a vigília e jejum solidários envolverão religiosos e outras pessoas ligadas à igreja, representantes de organizações sociais e movimentos populares que apóiam a luta contra o projeto de transposição. A programação envolve momentos de oração e de debate sobre o gesto.

Fonte: Articulação São Francisco Vivo

 

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