O total de cana a ser queimada equivale a 20.847 campos de futebol como o do Maracanã e as autorizações da Secretaria de Estado do Meio Ambiente foram dadas para queimas em cerca de 80 localidades de São Paulo, incluindo duas da região de Ribeirão Preto -Araraquara e Mococa. Os municípios com mais pedidos para queima de cana, no entanto, são Andradina, Botucatu e São Manuel. Folha de S. Paulo, 12-01-2009
Neste mês, excepcionalmente, 17 mil hectares da cultura vão virar açúcar e álcool no Estado, a maioria na região oeste
Só dois pedidos de queima são da região de Ribeirão; municípios com mais queimadas previstas são Andradina e Botucatu
DA FOLHA RIBEIRÃO
A maior parte dos pedidos de queimadas está no oeste de São Paulo, área de desenvolvimento do setor canavieiro nos últimos anos. O fenômeno ocorre porque essas localidades têm mais matéria-prima que capacidade instalada para moer cana, diferentemente da maioria das cidades da região de Ribeirão, cheia de usinas.
"A disputa por cana na região de Ribeirão Preto é muito forte e a capacidade instalada é até maior do que a oferta de cana. Já no oeste, acontece o contrário", disse o diretor da Unica em Ribeirão, Sérgio Prado.
Segundo a Datagro Consultoria, vão sobrar nos canaviais do Centro-Sul do país aproximadamente 40 milhões de toneladas de cana na atual safra, que termina em março -mês em que já deve ter início a próxima, acabando com a entressafra em algumas das usinas.
Desse total, ao menos 25 milhões de toneladas estarão nas lavouras de São Paulo, segundo dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura.
Além da capacidade de moer, outros obstáculos fizeram com que a queima avançasse em janeiro, como o início tardio de operação de algumas usinas e questões climáticas -choveu muito no início da safra, o que atrapalhou a colheita.
"Muitas não começaram em março, mas ao longo da safra, até em outubro ou novembro. Isso levou a essa sobra de matéria-prima", afirmou Prado.
Para o pesquisador Sérgio Torquato, do IEA, outro fator contribuiu: o preço da cana. "Os preços não foram muito bons ao longo do ano passado. Muitos seguraram a cana esperando bons preços, o que atrasou a colheita", afirmou.
Janeiro é considerado um mês ruim por causa do clima, que pode impedir a utilização de máquinas durante a chuva e dificultar a colheita manual.
