Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Uma missão acadêmica brasileira inicia hoje um "road show" internacional para mostrar estudos mensuráveis de que a produção de etanol não desmata a floresta amazônica, tem o melhor balanço de redução de emissões de gases de efeito estufa e sustentabilidade ambiental.
Assis Moreira, de Genebra

Valor, 06.10.2008,

   A delegação passará por Amsterdã, Bruxelas, Londres, Paris e terminará em Washington. Mais que apenas contestar as teses contra o etanol brasileiro, a delegação quer influenciar autoridades na Europa e nos Estados Unidos que decidirão exigências de sustentabilidade dos biocombustíveis que vão importar. 

 

André Nassar, diretor-geral do Ícone, instituto de pesquisa financiado pelo agronegócio, mostrará estudo segundo o qual a mudança no uso da terra, com a produção de etanol, não desmata a Amazônia ou o cerrado. 

 

O estudo argumenta que a expansão da cana ocorre em áreas de pastagem ou áreas de lavouras já existentes - ou seja, não há efeito direto. E que tampouco há efeito indireto: a expansão da cana-de-açúcar não foi o motivo da pecuária procurar outro lugar ou do pasto crescer mais que a área cedida para cana. 

 

Nassar ilustra com o exemplo do Mato Grosso: entre 2002 e 2006, a cana se expandiu em 25 mil hectares, enquanto a lavoura foi reduzida em 1,6 milhão de hectares e a pecuária perdeu 1,4 milhão de hectares de pasto. Ao mesmo tempo, o rebanho cresceu 3,9 milhões de cabeças. 

 

Em Minas Gerais, a área de cana cresceu 150 mil hectares e o pasto declinou 620 mil hectares. Mas o rebanho mineiro aumentou 1,6 milhão de cabeças. Ou seja, a perda do pasto não necessitou ser compensada com o uso de outras terras, porque a produtividade melhorou. 

 

O professor Weber Amaral, da Universidade de São Paulo (ESALQ), apresentará indicadores de sustentabilidade ambiental do etanol. O professor Isaias Macedo, da Unicamp, mostrará números sobre o balanço de emissão de gases de efeito estufa (GEEs) para o sistema de produção de etanol a partir de cana-de-açúcar. Conclui que, de todas as formas de bioenergia, é o que tem o melhor balanço possível. 

 

O diretor do Departamento de Energia do Itamaraty, ministro André Correa do Lago, acompanha a delegação. A Apex ajuda a organizar os debates, com o "Centro para Estudos de Políticas Européias", em Bruxelas. Entre os debatedores estarão professores das Universidades de Utrecht e Wageningen, da Holanda. 

 

Não é só a Europa que discute os futuros critérios de sustentabilidade de biocombustível para entrar no seu mercado. O Congresso dos EUA aprovou uma decisão nesse sentido, deixando para a Agência de Proteção Ambiental elaborar as exigências. 

 

Nota do leitor:    Eles poderiam explicar aos europeus, se os estados da Rondonia e Mato Grosso, aonde estão se instalando mais de 15 usinas de etanol.  E daonde saira dois alcoodutos para os portos de Paranagua e Santos, se pertencem à regiao amazonia ou ao deserto do saara?

 

Cosan investe 

 

O Grupo Cosan, maior produtor e processador de cana-de-açúcar do mundo, investirá R$ 368 milhões até 2010 nas obras de ampliação da Usina Gasa, localizada em Andradina (SP). O grupo acaba de concluir a primeira fase da expansão da unidade, que ganhou uma termelétrica para produzir energia a partir do bagaço e da palha da cana. O grupo pretende, com isso, também vender energia limpa. Na segunda fase de ampliação, a usina elevará a capacidade de moagem anual, de 2,7 milhões de toneladas para a safra 2008/09, para 3,8 milhões. A produção de etanol passará de 200,7 milhões de litros/dia para 292,6 milhões de litros. Em 2010, a Usina Gasa deverá alcançar a produção de 78 MW, o que representa um volume total de 250 mil MWh de energia limpa. 

 

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